OTIMIZAÇÃO ESTATÍSTICA MULTIVARIÁVEL DA PRODUÇÃO DE PECTINASES POR Saccharomyces cerevisiae A PARTIR DE RESÍDUO DE MARACUJÁ (Passiflorasp.)

CORREA DE CARVALHO, MARCIA; FAI DE GUSMÃO, ANA ELIZABETH; KOBLITZ, MARIA GABRIELA; MIURA DA COSTA, ANDREA

Punta del Este

Congreso; CIIAL- Segundo congreso Iberoamericano de Ingenieria de los alimentos; 2016

Pectinases clivam a pectina presente na parede celular de vegetais, sendo largamente utilizadas nos processos industriais de: extração e clarificação de sucos de frutas, tratamento da uva para produção de vinho; fabricação de óleos; aceleração do processo de fermentação de café e cacau; entre outros. É interessante salientar que, dentre várias enzimas comercialmente importantes, as pectinases se destacam por sua especificidade frente a um aumento de demanda e potencial de expansão de alimentos processados de origem vegetal. Esta constatação é especialmente importante no Brasil, onde este segmento tem um papel proeminente de geração de riqueza para o País, ocupando posições importantes no ranking mundial de produção e exportação de produtos derivados da agroindústria.O presente estudo visou otimizar a produção de enzimas pectinolíticas por Saccharomycescerevisiae a partir de farinha de resíduo de maracujá (FRM) por planejamento experimental multivariável, bem como caracterizar o complexo enzimático obtido em condições otimizadas de cultivo.Primeiramente, um screening do tipo 2n-1 foi realizado para avaliar o efeito da agitação, temperatura, pH, bem como concentração de FRM e peptona na atividade pectinolítica total.Este desenho experimental revelou que, com exceção do pH, todas as variáveis eram estatisticamente significativas na faixa de estudo verificada. Em seguida, foram realizados dois delineamentos do tipo composto central rotacional (DCCR) em regime de incubação estático. As variáveis independentes selecionadas para o primeiro DCCR foram temperatura, concentração de FRM e peptona, enquanto no segundo foram temperatura e concentração de FRM, sendo a resposta, em ambos os casos, a atividade pectinolítica total. Para cada planejamento as faixas de estudo foram ajustadas de acordo com os ensaios pretéritos, configurando uma estratégia sequencial de otimização. Sob as condições otimizadas e validadas, a partir de 50% de FRM (p/v) a 30° C por 24h, foi determinada atividade pectinolítica total de 7,066 U/mL, bem como atividade de poligalacturonase, pectina metil esterase, pectina liase e pectatoliase de 3,48; 0,079; 3,07 e 0,8 U/mL, respectivamente. Dentro do nosso conhecimento, este é o primeiro relato de pectatoliaseproduzida por S. cerevisiae. O pH/temperatura ótimo e de estabilidade do complexo enzimático foi de 3,0 e 2,0 e 70, 30 ˚C, respectivamente. O estudo realizado validou a hipótese do aproveitamento do resíduo agroindustrial de maracujá para a produção de pectinases por Saccharomycescerevisiae, sendo este um processo de valor agregado, economicamente viável e com significativo potencial de aplicação na indústria de alimentos.