UE-CISOR   25749
UNIDAD EJECUTORA EN CIENCIAS SOCIALES REGIONALES Y HUMANIDADES
Unidad Ejecutora - UE
capítulos de libros
Título:
Rebeliões Indígenas em Charcas (1780-1782): cosmovisão andina, messianismo e revolução
Autor/es:
BELMONTE, ALEXANDRE
Libro:
Relações de poder no mundo ibero-americano
Editorial:
Autografia
Referencias:
Lugar: Rio de Janeiro; Año: 2019; p. 89 - 114
Resumen:
Ainda que a historiografia tenha abandonado, sobretudo a partir dos anos 1980, afantasiosa ideia segundo a qual as rebeliões tupamaristas e kataristas foram responsáveisdiretamente pelas independências dos territórios hispano-americanos, é inegável o fatode que tais movimentos mantêm uma franca conexão com o ocaso do império espanholneste continente. O impacto dos feitos de seus líderes, em especial Túpac Amaru II eTúpac Katari, foi certamente uma inspiração para os próceres das emancipações, pelomenos do ponto de vista dos discursos. Na Argentina, Pedro De Angelis recupera omartírio de Amaru e seus familiares, em sua tentativa de dar sentido a uma certa ideiade nação para aquela jovem república platina. Na década de 1780, uma série derebeliões animam os Andes, desde a região de Nova Granada, passando pelo Cuzco,meseta do Titicaca, até o norte dos atuais Chile e Argentina. Com inúmeros cercos apovoados e até grandes cidades como Charcas, La Paz e Cuzco, muitos padeceram defome. A documentação existente no Archivo y Biblioteca Nacionales de Bolivia cobregrande parte dessas sublevações, em especial aquelas referentes a Charcas e vales deChuquisaca, Potosí, Oruro, La Paz e toda a meseta do Lago Titicaca. Através dosdocumentos, percebemos redes de lideranças indígenas entre três dos quatro vice-reinosespanhóis. A coroa espanhola toma medidas extremas, na tentativa de conter averdadeira onda de rebeliões que se alastrou pelo altiplano e parte dos vales e terrasbaixas, deixando perceber uma sangrenta história de lutas. É possível supor uma rede desociabilidade entre essas áreas, contrariando antigas teses sobre o isolamento de partesde uma mesma América hispânica, sob o jugo de sistemas de exploração e controlemuito parecidos e conectados dinamicamente. Em que pese as diferenças entre essasvárias sublevações, alguns dados nos permitem pensar em um processo revolucionárioque, começando de modo silencioso, através de resistências culturais e mitos que sedifundem pelo altiplano andino, chega-se a demandar um autogoverno nativo, atravésdo uso de violência extrema. Um desses mitos sugere o retorno do Inca-Rei. O mitomessiânico do Inkarrí influenciará toda a cosmovisão colonial tardia nos Andes centrais,estendendo-se até os dias de hoje (já não mais pelo retorno do Inca, mas pelo retorno dopoder político e econômico às mãos indígenas e mestiças). Este capítulo busca pensar asrebeliões no Alto Peru de fins do século XVIII em perspectiva comparada, assinalandosuas aproximações e diferenças em relação a outras rebeliões coloniais, e apontando seucaráter revolucionário na longa duração. Para tanto, se valerá não somente dadocumentação dos arquivos, mas também de dados da cultura material nativa,perceptíveis pela arqueologia, pela mitologia, pela indumentária e pelas indicações quenos dão os próprios idiomas aimara e quêchua.Palavras-chave: rebeliões ? Túpac Amaru II ? Túpac Katari ? cosmovisão andina ?messianismo ? longa duração