Reconstrução das cavidades internas em Caipirasuchus mineirus (Crocodyliformes): novos dados sobre a paleobiologia dos notossúquios brasileiros.

AGUSTIN MARTINELLI; LUIZ CARLOS RIBEIRO; MARINA BENTO SOARES; PEDRO MORAIS FONSECA; MARINHO, THIAGO DA SILVA; AUGUSTIN, AFONSO; G. SCHÄFFER SIPP; CESAR SCHULTZ; MARTINHO, C. T.

Congreso; XXVI Congresso Brasileiro de Paleontologia; 2019

Os moldes das cavidades internas do crânio auxiliam no entendimento da paleobiologia dos espécimes extintos, através da reconstrução de estruturas correspondentes aos tecidos moles não preservados durante a fossilização. Dentre as técnicas utilizadas para a obtenção desses moldes, destaca-se a tomografia pelo seu caráter não invasivo. No presente trabalho, o crânio de Caipirasuchus mineirus (CPPLIP 1463), um Sphagesauridae (Crocodyliformes, Notosuchia) do Cretáceo Superior de Minas Gerais, foi submetido à microtomografia, obtendo-se 3507 slices. Foram realizados o preenchimento e identificação das estruturas internas correspondentes à cavidade nasal, encéfalo e sinus paratimpânico. O molde da cavidade nasal ocupa toda a região anterior do crânio, estendendo-se da narina externa à coana secundária, sendo delimitado pelos ossos pré-maxila, maxila, nasal, palatino e pterigoide. Apresenta formato cônico, expandindo-se anteroposteriormente, com um sulco na linha sagital, em vista dorsal. Em Caipirasuchus mineirus as expansões da região olfativa não são bem marcadas, o que pode ser um reflexo do hábito herbívoro considerando que em outros Notosuchia com hábitos carnívoros, como o baurussuquídeo Campinasuchus dinizi, estas expansões são bem desenvolvidas. Além disso, os sinus paranasais estão ausentes na região rostral. Porém, uma pequena evaginação na região posteroventral da maxila, pode estar relacionada com os sinus paranasais, uma vez que esses se originam da cavidade nasal. O molde da caixa craniana, o encéfalo, apresenta forma semelhante aos dos outros Notosuchia e Eusuchia. O bulbo olfativo contata a região da cavidade nasal anteriormente e apresenta um sulco bem marcado na região dorsal. O prosencéfalo é bem desenvolvido, diferenciando-se de outros Notosuchia apenas pela glândula pituitária muito expandida. Em dinossauros sauropodomorfos essa morfologia é associada ao hábito herbívoro, o que pode ser extrapolado para este táxon. Outra possibilidade é a influência dos processos de fossilização, que podem ter provocado distorções nas dimensões reais dessa estrutura. Assim como outros Notosuchia e Eusuchia, os sinus paratimpânicos estão posicionados na região posterior do crânio e são formados a partir da união de vários divertículos e sinus. A presença da glândula pituitária expandida e a ausência de sinuses paratimpânicos corroboram as propostas anteriores de herbivoria para Caipirasuchus mineirus.