BECAS
CAMARGO ANGELUCCI Thalita
congresos y reuniones científicas
Título:
O espaço da cultura na luta pela reforma agrária: meandros do Encontro Nacional de Violeiros.
Autor/es:
ANGELUCCI, THALITA CAMARGO; SCOPINHO, ROSEMEIRE
Lugar:
Montevideo
Reunión:
Jornada; XVI Jornada de Jóvenes Investigadores de la AUGM; 2008
Institución organizadora:
Asociación de Universidades Grupo Montevideo - AUGM
Resumen:
Os trabalhadores envolvidos na luta pela reforma agrária realizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, na região de Ribeirão Preto-SP, vivenciaram o êxodo rural compulsório intensificado nos anos de 1960 e, mais recentemente, o desemprego estrutural provocado pela mecanização das lavouras. Eles são portadores de um complexo processo de desenraizamento, compreendido como perda de referenciais sócio-culturais. No processo de formação desses trabalhadores, o MST desenvolve um conjunto de ações e atividades, não só no campo político e econômico como também no campo simbólico e ideológico. Com esta pesquisa procuramos compreender qual o papel da cultura popular no fortalecimento da luta pela reforma agrária realizada pelo MST na região de Ribeirão Preto-SP, a partir da análise do IV Encontro Nacional de Violeiros e Festa da Semente em Louvor a São Francisco de Assis, realizado entre 02 e 08 de outubro de 2006. A partir da nossa participação no processo organizativo deste Encontro, procuramos: resgatar a história e sistematizar a memória dos Encontros anteriores; entender o sentido e a importância do Encontro no contexto da luta pela reforma agrária na região; compreender o processo organizativo do Encontro, destacando aspectos relacionados à cooperação como método que possibilitou a sua realização; analisar os seus possíveis impactos e repercussões como uma das estratégias do processo de formação dos trabalhadores rurais assentados. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com coordenadores e participantes das oito oficinas culturais que antecederam o evento, com violeiros, organizadores e demais participantes da festa. Estas informações foram confrontadas com registros em diário de campo, documentos e notícias jornalísticas existentes no acervo do MST, bem como com os registros fotográficos e filmográficos obtidos. Inseridos na Oficina de Comunicação deste IV Encontro, construímos uma espécie de vídeo-documentário sobre o tema que vai de encontro aos objetivos supracitados. Mais do que uma festa popular, o Encontro foi um importante espaço sócio-educativo, de mobilização e organização dos trabalhadores rurais. O processo organizativo da festa se valeu dos princípios da cooperação e foi realizado por meio de oito oficinas entendidas como processos socioculturais com componentes educativos e/ou formadores na constituição da identidade Sem Terra. As estratégias culturais do MST nesta região, marcada pelo avanço do agronegócio sobre a agricultura familiar, têm contribuído para fortalecer politicamente as comunidades rurais através da valorização da memória e dos valores coletivistas. Estes desdobramentos podem contribuir com o processo de enraizamento desses sujeitos ao projetarem um modo de vida que, além da reprodução social imediata, procura fortalecer a luta social por eles empreendida. Palavras-chave: processos organizativos; cooperação; movimento social do campo; desenraizamento; cultura popular.