GEOLOGIA DA REGIÃO DO ENTORNO A MINA DE VAZANTE, NW DE MINAS GERAIS: COMPARAÇÃO LITOLÓGICA, ESTRUTURAL E ISOTÓPICA ENTRE AS ROCHAS DOS GRUPOS CANASTRA E VAZANTE

MANUELA CARVALHO; CLAUDIO VALERIANO; OLIVEIRA GUSTAVO; BAIA F; BOTURA NETO B; APARICIO GONZALEZ PAMELA

Salvador de Bahia

Congreso; 47° Congresso Brasilero de Geologia; 2014

Duas escamas de cavalgamento, constituídas respectivamente por rochas metassedimentares pertencentes aos grupos Canastra e Vazante, foram mapeadas em uma área de aproximadamente 400 km2 no município de Vazante (MG), onde se localiza o maior depósito de zinco silicatado do mundo, geotectonicamente inseridas em contexto de Faixa Brasília Meridional, Província Tocantins, Plataforma Sul-americana.O Grupo Vazante compreende a escama inferior com 288 km2 (80% da área) e é constituído, da base para o topo, pelas formações Serra do Garrote (composição pelítica), Serra do Poço Verde (composição pelito-dolomítica), Morro do Calcário (composição dolomítica) e Serra da Lapa (composição pelito-carbonática). Sobre ele, em contato tectônico, está a escama superior representada pelas rochas pelito-psamíticas da Formação Paracatu, Grupo Canastra, que compreendem na porção leste-noroeste cerca de 112 km2 e 1600 m de espessura (20% da área).As condições de metamorfismo que afetaram as unidades foram de fácies xisto verde inferior (pré zona da biotita), que ocasionou a formação de ardósias e filitos nas rochas pelíticas do Grupo Vazante e, de filitos nas rochas do Grupo Canastra. Foram observadas estruturas complexas, em escalas macro e microscópicas, de caráter regional que resultaram de pelo menos três fases de deformação compressivas superpostas. As duas primeiras (D1, D2) são de caráter dúctil, relacionadas a uma tectônica de cavalgamentos e de nappes, enquanto que a terceira fase (D3) foi de caráter rúptil-dúctil. A fase D1 foi responsável por uma foliação ardosiana S1 subparalela ao acamamento sedimentar (So), com direção NE-SW e mergulhos baixos a médios predominantemente para NW. A segunda fase de deformação (D2) gerou dobras apertadas a isoclinais com uma clivagem espaçada S2, que pode ou não estar paralela ao acamamento sedimentar (So//S1//S2 ou So//S1 oblíqua a S2), de direção NE-SW e mergulhos baixos a médios para NW. A fase D3 gerou dobras abertas angulares e kinks, localmente com o desenvolvimento de um par conjugado de clivagens de crenulação espaçada S3, uma NE-SW com mergulhos moderados a altos com eixo predominante para NW e outra NW-SE com mergulhos moderados a altos e eixo para NE e para SW. Estruturas rúpteis, como falhas normais e inversas e fraturas, preenchidas ou não por quartzo, ocorrem associadas a D2 e a D3.Compilação de idades modelo Sm-Nd, obtidas da literatura mostram idades entre 1.47 Ga e 2.34 Ga para as rochas do Grupo Vazante, sendo que as idades mais novas pertencem a Formação Serra da Lapa e as mais antigas a Formação Serra do Garrote. As idades para o Grupo Canastra são mais antigas, variando de 1.47Ga a 2 Ga, podendo chegar a 2.47Ga. Em ambos os grupos, as idades obtidas indicam fontes sedimentares paleo-mesoproterozóicas.