Nas estradas do charro. Um estudo sobre a construção da charrería como tradição nacional mexicana e sua vigência ao longo do século XX

MATIAS EMILIANO CASAS

Simposio; 31° Simpósio Nacional de História; 2021

UERJ - UVA

A construção do charro como estereótipo nacional mexicano teve início nas primeiras décadas do século XX e difundiu-se fortemente a partir do reconhecimento oficial governamental, de sua vinculação com a charrería como prática esportiva, e dos grupos que desenvolveram suas ações voltadas para a esferas socioculturais em diferentes regiões do país e no exterior. Entre outras variáveis, esses fatores promoveram a consolidação da figura do charro como emblema da mexicanidade. Este trabalho explora o processo de consagração da charrería como uma tradição mexicana e sua validade ao longo do tempo. Para tanto, serão analisadas três publicações periódicas vinculadas às associações charras, que divulgaram suas atividades e se posicionaram sobre diversos temas que atravessaram o campo político e cultural mexicano. A seleção das revistas responde ao propósito de contemplar uma extensa cronologia, que se inicia em 1936 com México Charro, meio de divulgação da Federación Nacional de Charros; continua em 1959 com o aparecimento da Charrería Revista Informativa, publicada na Cidade do México; e termina com a Gráfica Charra lançada em 1970 pela Asociación Charros de Jalisco.Por meio desses projetos editoriais investigamos os deslocamentos -e continuidades- nas representações do charro e da tradição rural mexicana em tempos distantes, marcados por diferentes ritmos econômicos, sociais, militares e políticos. Aliás, as revistas permitem-nos contemplar como se processou a tensão regional entre Jalisco e a Cidade do México devido à representação nacional. Nesta apresentação, propomos, além disso, enfocar em nosso estudo: as intensas relações entre os "patriarcas" da charrería e o poder político; a configuração de uma narrativa heróica sobre as ações do charro; a confluência entre práticas esportivas e rituais tradicionalistas; os "diálogos" com outras experiências semelhantes em várias partes do continente. Com este último ponto, pretendemos incorporar uma dimensão de análise transnacional que avança nas transferências, conexões e retroalimentação dos discursos e práticas relacionadas às tradições rurais e seus estereótipos na escala americana.