Caracterização de microssatélites heterólogos em Primatas Sul-Americanos

OKLANDER, L. ; JERUSALINSKY, L. ; BONATTO, S.L.

Gramado, Rio Grande do Sul, Brasil

Congreso; I Congreso Sudamericano de Mastozoologia; 2006

Asociación Boliviana de Investigadores de Mamíferos (ABIMA), la Sociedad Argentina para el Estudio de los Mamíferos (SAREM), y la Sociedade Brasileira de Mastozoologia (SBMz)

Cada vez mais os estudos etológicos e populacionais têm se valido de técnicas genético-moleculares para refinar suas inferências. Da mesma forma, no manejo e conservação de espécies, estes dados têm sido utilizados para incrementar a efetividade na elaboração de estratégias e na implementação de ações. As investigações com microssatélites, particularmente, vêm permitindo elucidar sistemas de cruzamento e detalhar o êxito reprodutivo dentre os indivíduos que compõem os grupos sociais, além de possibilitar acessar o nível de endocruzamento e a estrutura genética das populações. Para possibilitar a realização de tais estudos, uma abordagem que vem sendo amplamente empregada é o teste e adaptação de marcadores de microssatélites desenvolvidos para determinada espécie em outras proximamente relacionadas. Neste estudo foi avaliada a aplicabilidade de doze loci de microssatélites descritos anteriormente para diferentes espécies de primatas (Alouatta caraya: AC14, AC17, AC45; Alouatta belzebul: AB17; Lagothrix lagotricha: 1110, 1118, 157; Homo sapiens: TGMS1, TGMS2, D5S117, D8S165, D17S804) em: Alouatta belzebul belzebul (n=3); Alouatta belzebul ululata (n=3); Ateles marginatus (n=1); Callicebus barbarabrownae (n=1); Callicebus coimbrai (n=1); Callicebus personatus (n=1); Cebus xanthosternos (n=5); Cebus flavius (n=5); Cebus libidinosus (n=2); Chiropotes satanas (n=1); Lagothrix lagotricha (n=1). Apenas para C.coimbrai e C.personatus não foram encontrados loci polimórficos. Para os demais primatas investigados foi identificada uma média de 4 loci polimórficos por táxon. Alouatta belzebul ululata foi o táxon com mais loci polimórficos (7) e também com o locus mais variável (157, com 5 alelos). Todos os marcadores testados apresentaram polimorfismo em pelo menos um táxon, sendo que TGMS1 apresentou variabilidade em 6 espécies. Foram identificados loci polimórficos para 6 primatas considerados ameaçados de extinção, inclusive para o recentemente redescoberto C.flavius. Ainda que estes resultados já demonstrem o potencial de utilização dos marcadores testados nestes táxons, certamente representam uma subestimativa do real polimorfismo existente, considerando o reduzido tamanho amostral para cada táxon. O aumento de amostras provavelmente possibilitará evidenciar a real magnitude do polimorfismo destes loci e sua aplicabilidade para os primatas analisados, permitindo qualificar o conhecimento existente sobre estes táxons, bem como incrementar a efetividade de estratégias de manejo voltadas à conservação de populações selvagens e cativas.