Aplicabilidade de microssatélites heterólogos em Alouatta guariba e outros primatas brasileiros

OKLANDER, L. I., JERUSALINSKY, L. & BONATTO, S. L.

Bello Horizonte, Minas Gerais, Brasil

Congreso; XII Congresso Brasileiro de Primatologia; 2007

Associação Brasileira de Primatologia

Estudos populacionais e etológicos têm utilizado técnicas genético-moleculares para aprofundar suas inferências. Estes dados também têm incrementado a efetividade de estratégias de conservação e ações de manejo de espécies ameaçadas. As investigações com microssatélites, particularmente, têm elucidado sistemas de cruzamento e detalhado o êxito reprodutivo de indivíduos componentes de grupos sociais, além de permitir acessar endocruzamento e estrutura genética das populações. Para possibilitar a realização destes estudos, vem sendo amplamente empregada a adaptação de marcadores de microssatélites desenvolvidos para determinadas espécies em outras proximamente relacionadas. Neste estudo foi avaliada a aplicabilidade de doze loci de microssatélites descritos para diferentes espécies de primatas (Alouatta caraya: AC14, AC17, AC45; Alouatta belzebul: AB17; Lagothrix lagotricha: 1110, 1118, 157; Homo sapiens: TGMS1, TGMS2, D5S117, D8S165, D17S804) em: Alouatta belzebul belzebul (n=3); Alouatta belzebul ululata (n=3); Ateles marginatus (n=1); Callicebus barbarabrownae (n=1); Callicebus coimbrai (n=1); Callicebus personatus (n=1); Cebus xanthosternos (n=5); Cebus flavius (n=5); Cebus libidinosus (n=2); Chiropotes satanas (n=1); Lagothrix lagotricha (n=1). Para C.coimbrai e C.personatus não foram encontrados loci polimórficos. Para as demais espécies foi identificada uma média de 4 loci polimórficos. A.b.ululata foi o táxon com mais loci polimórficos (7) e também com o locus mais variável (157, 5 alelos). Todos os marcadores testados apresentaram polimorfismo em pelo menos um táxon, e TGMS1 apresentou variabilidade em 6 espécies. Foram identificados loci polimórficos para 7 primatas ameaçados de extinção, inclusive para o recentemente redescoberto C. flavius. Estes resultados demonstram o potencial de utilização dos marcadores testados nestes táxons, mas certamente representam uma subestimativa do real polimorfismo existente, considerando-se o reduzido número de amostras por táxon. Isto fica evidente quando se compara esses resultados aos obtidos com 40 amostras de Alouatta guariba, testadas com nove dos microssatélites citados: todos os marcadores resultaram polimórficos; número médio de alelos 5,89; heterozigozidade entre 0,28 e 0,80; poder de exclusão de paternidade em conjunto de 0,96. Com essa maior amostragem pôde-se caracterizar a aplicabilidade destes marcadores para A.guariba, tanto para estudos sociais e comportamentais, quanto populacionais e filogeográficos. Estas análises reforçam a utilidade de testar marcadores heterólogos, visando caracterizar ferramentas imprescindíveis à qualificação de estratégias de manejo de populações selvagens e cativas.