Os executivos das transnacionais: objeto heurístico da globalização da cultura

LÓPEZ RUIZ, OSVALDO JAVIER

Salvador, Bahia

Encuentro; X ENCONTRO DE CIENTISTAS SOCIAIS DO NORTE E NORDESTE DO BRASIL; 2001

Universidade Federal de Bahia, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais

A partir da hipótese de que, além da propagação de objetos culturais feita pelas grandes corporações, o próprio espaço desterritorializado delas é um espaço privilegiado na construção de uma cultura globalizada, tentaremos demostrar por que são os executivos das transnacionais, suas formas de vida, seus princípios e gostos um objeto heurístico apropriado para exprimir a "realidade" do mundo globalizado. Na corporação, um novo conjunto de valores, crenças e preferências estéticas são constantemente promovidos e incentivados. Desta forma, a partir dela, um ethos corporativo estaria sendo construído e difundindo pelo mundo e constituiria uma parte substantiva da "cultura global". A proposta é então cartografar o espaço em que esses executivos desenvolvem suas práticas ?e cultivam seus valores e crenças? como um espaço antropológicamente circunscrito além de se encontrar fisicamente espalhado pelo mundo. Paralelamente, se propõe pensar a esses executivos como entrepreneurs que, paradoxalmente, trabalham para a corporação e não simplesmente como "homens ?empregados? da organização", como no auge do paradigma industrial. Argumentaremos que, a partir do forte comprometimento que eles têm com seu trabalho, da visão de si próprios e dos objetivos pessoais que guiam sua ação, é apropriado pensá-los como empresários individuais, só que em relação de dependência com a corporação. A categoria "capitalistas em relação de dependência" aqui proposta, parece melhor cartografar a esse grupo social e a sua relação com novos valores e estilos de vida que estariam sendo propagados a partir da corporação como os valores do mundo globalizado.