O Ensino Superior Público e Particular e o Território Brasileiro

SANTOS, MILTON; SILVEIRA, MARÍA LAURA

Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES)

Lugar: Brasília; Año: 2000 p. 163

A noção de território de que nos utilizamos não vê o território apenas como um quadro em branco, onde a sociedade se instala e busca produzir uma história. Nós o vemos como algo já preenchido por pessoas e objetos, historicamente constituídos, cuja integração com a natureza, bruta ou trabalhada, constitui o quadro de vida a quem ninguém escapa. Assim, o território usado – e não o território em si mesmo – constitui um ator essencial da vida social. Através do território, é muito mais possível reconhecer e analisar as situações. É por meio das regiões e dos lugares, que a sociedade aparece como ela é, una e diversificada, de modo mais corpóreo e concreto, permitindo que nos apossemos, analiticamente, de seus traços dominantes. O que aqui apresentamos não é a análise de um pedagogo, mas o estudo geográfico do fenômeno da educação superior no Brasil. Pretende ser, ao mesmo tempo, uma visão estática – como as coisas são – e uma visão dinâmica, isto é, o processo. Aí entram, como fatores, as dinâmicas demográficas, o movimento da produção, as infra-estruturas presentes, os níveis de renda, as qualidades e quantidades do consumo e as dinâmicas socioespaciais daí resultantes, assim como os níveis e qualidades das aspirações da sociedade, isto é, dos indivíduos e dos grupos, que determinam também a maneira como a educação vai se instalando, segundo uma lógica que inclui os lugares. Também não podemos desconhecer a maneira como, a cada instante, a sociedade brasileira comporta-se em face do mundo, como ela o interpreta e como tudo isso tem reflexos sobre o processo educacional, mostrando o modo como a realidade da divisão internacional do trabalho incide sobre o país como um todo e sobre as diversas regiões, de modo a estimular as diversas formas de manifestação da educação.