O espaço da globalização: usos diversos, comando único

SILVEIRA, MARIA LAURA

Milton Santos. Cidadania e Globalização

Saraiva

Lugar: Bauru; Año: 2000; p. 121 - 127

As empresas globais e os órgãos internacionais aparecem, no cenário da globalização, como atores com grande força de transformação e com uma inconfundível vocação para a imposição de formas hegemônicas e às vezes únicas de fazer. A entronização de um mandar hegemônico acaba por induzir a difusão do correspondente modo de trabalho nos lugares. E, assim, as normas participam ativamente no processo direto da produção, com imperativos técnicos, econômicos, administrativos e financeiros, e no processo não-direto da produção, através sobretudo de imperativos políticos. Desse modo, a microeconomia, que é a política interna ao mundo da produção, espalha-se no território como um fazer, enquanto a macroeconomia, que são sobretudo as normas políticas das quais as firmas globais se utilizam, como a chamada desregulação, se torna um mandar e, assim, se metamorfosea em política das Nações. Discutimos essas e outras questões a partir do regime mundial de patentes, que participou precocemente da tendência à unificação organizacional do planeta. As patentes podem ser entendidas como um subsistema do sistema contemporâneo de normas. São um resultado da necessidade premente de normatizar o trabalho intelectual que antecede à produção material e à sua difusão. Isso permite a acumulação ampliada da mais-valia em frações dos territórios nacionais, forçando-os à globalização, e impondo, a um só tempo, políticas e comportamentos obedientes às novas regulações.