De uma geografia metafórica da pós-modernidade a uma geografia da globalização

SANTOS, MILTON; SILVEIRA, MARIA LAURA

CULTURA VOZES

Vozes

Lugar: Petrópolis-São Paulo; Año: 1997 vol. 91 p. 14 - 30

0104-222X

Vivemos um tempo de contradições e desorientação, no qual as metáforas povoam as diversas disciplinas sociais. Nessa avalanche de metáforas, o espaço é privilegiado. A palavra é retirada da geografia e outras disciplinas territoriais, para enriquecer o vocabulário das mais diversas áreas do saber, incluindo a filosofia e a sociologia. E volta à geografia para empobrecer um dicionário tradicionalmente permissivo. As idéias de preeminência do tempo sobre o espaço, com a decorrente desterritorialização e a morte da região, são, talvez, as que parecem ter tido a maior profusão. A partir de algumas dessas noções e numa atitude de renúncia teórica fundar-se-ia uma geografia da pós-modernidade. Como a técnica se tornou onipresente, o seu estudo pode ser um caminho fundamental porque permite dar conta do ser e da existência, do geral e do específico, do global e do local, do universal e do particular. A busca de uma visão global na geografia exige compreender o espaço como instância da sociedade em movimento. Essa perspectiva, evitando sucumbir às visões fragmentárias, possibilitaria o entendimento do espaço como funcionalização do mundo nos lugares.