INVESTIGADORES
MALDONADO Gabriela Ines
capítulos de libros
Título:
Divisão territorial do trabalho e agronegócio: o papel das metrópoles nacionais e a constituição das cidades do agronegócio
Autor/es:
MALDONADO, GABRIELA I.; CASTRO DE ALMEIDA, MARINA; PICCIANI, ANA LAURA
Libro:
Globalização do agronegócio e Land grabbing. A atuação das megaempresas argentinas no Brasil
Editorial:
Editorial Lamparina
Referencias:
Lugar: Rio de Janeiro; Año: 2017; p. 81 - 96
Resumen:
A modernização e a expansão territorial da agricultura têm resultado na estruturação de uma nova divisão territorial do trabalho da produção agrícola em formações sócio-espaciais como a brasileira e a argentina. A crescente dependência da produção agropecuária de recursos financeiros, científicos, tecnológicos e informacionais tem reestruturado as relações entre o campo e a cidade, assim como os fluxos estabelecidos dentro de suas respectivas redes urbanas (SANTOS, 1994; ELIAS, 2007). Enquanto as cidades locais e os centros regionais tornaram-se essenciais para a realização da agricultura moderna, ao oferecerem uma série de serviços essenciais à atividade produtiva - como assistência técnica, financeira, contábil, revenda de insumos químicos, biológicos e maquinário, além de abrigar a maioria dos trabalhadores e produtores agrícolas -, as metrópoles nacionais tornanram-se os centros de regulação da produção em geral. Com a centralização de capital no agronegócio, isto é, o surgimento de megaempresas advindas dos procesos de fusões e aquisições, é cada vez mais recorrente a instalação das sedes corporativas das grandes firmas nas principais áreas metropolitanas, de onde controlam suas unidades produtivas e escritórios regionais dispersos pelas principais regiões produtivas. Dessa forma, estabelece-se um movimento de articulação entre as forças centrífugas e as forças centrípetas (SANTOS; SILVEIRA, 2001), isto é, uma relação dialética entre a crescente dispersão territorial das atividades modernas (força centrífuga) e a maior centralização do comando produtivo em poucos centros político-econômicos (força centrípeta). Para demonstrar como se estrutura essa nova divisão territorial do trabalho da atividade agrícola moderna nos territórios brasileiro e argentino, este capítulo analisa a constituição de ?cidades do agronegócio? nas áreas produtivas e o poder de comando das metrópoles de São Paulo e Buenos Aires. Apesar de constituirem-se como formações sócio-espaciais distintas (SANTOS, 1977), diversos fatores aproximam a agricultura moderna brasileira e argentina, como: a disponibilidade de grandes áreas agriculturáveis, a presença de uma agricultura moderna, destinada sobretudo à exportação, e a presença das mesmas firmas globais (na comercialização dos grãos e no fornecimento dos insumos químicos, agrícolas e maquinário). Estas características introduzem dinâmicas territoriais até certo ponto semelhantes em ambos territórios, como a especialização funcional dos centros urbanos locais e regionais às demandas do campo modernizado e a sua articulação em rede com as metrópoles nacionais. Como metodologia de análise da constituição das cidades do agronegócio, utilizamos para o caso argentino, informações qualitativas referentes à oferta de serviços agrícolas por determinados núcleos urbanos tanto na região pampeana, quanto em áreas de expansão da agricultura moderna. No caso brasileiro, o capítulo restringe-se a algumas cidades do agronegócio da fronteira agrícola moderna (área de Cerrado das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste). Para demonstrar a especialização dos fluxos produtivos, foram levantados dados sobre valor e tipo de exportações e importações dos principais municípios agrícolas. Com relação ao poder de controle exercido por Buenos Aires e São Paulo, demonstramos a concentração da maioria das sedes corporativas das principais empresas do agronegócio em ambas as metrópoles.