Estratégias do capital na fronteira agrícola moderna brasileira e argentina

BERNARDES, JÚLIA ADÃO; MALDONADO, GABRIELA I.

Globalização do agronegócio e Land grabbing. A atuação das megaempresas argentinas no Brasil

Editorial Lamparina

Lugar: Rio de Janeiro; Año: 2017; p. 57 - 80

O processo de constituição da fronteira agrícola moderna deve ser pensado no marco da introdução dos elementos do meio técnico, científico e informacional na atividade agrícola que, muitas vezes, por sua especialização produtiva, foi a primeira a incorporar o modelo do agronegócio. Assim, capitais globais e nacionais se instalaram previamente nos setores tradicionalmente agrícolas com vocação exportadora, não apenas incorporando, mas também promovendo a modernização agrícola, alcançando territórios onde havia outras formas de produção e usos do solo. Estas áreas podem configurar-se como espaços de modernização contínuos ou como frações descontínuas, mas em ambos os casos se constituem, segundo Elias (2006), em frações do espaço total do planeta cada vez mais abertas às determinações exógenas e aos novos signos contemporâneos. São os lugares de reserva (ELIAS; PEQUENO, 2007) para a expansão do capital portador de juros (CHESNAIS, 2005).Por se tratar dos dois maiores produtores regionais e possuir grandes áreas passíveis de serem incorporadas à agricultura moderna, este capítulo tem como objetivo principal analisar o processo de expansão da fronteira agrícola no Brasil e Argentina desde a década de 1970. Para isso, são analisados alguns exemplos que permitem compreender sua dinâmica completa: as províncias do Chaco e de Santiago del Estero, na Argentina, e a região do cerrado no Brasil.