Escravidão e expansão da fronteira agrária. Uma análise do trabalho cativo em dois núcleos produtivos da Província de Rio Grande de São Pedro. Triunfo e Alegrete, 1821-1850.

LUÍS AUGUSTO EBLING FARINATTI; JUAN LUIS MARTIREN

Florianopolis

Encuentro; 9 Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional; 2019

Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil

Que a mão de obra cativa teve uma importância central no crescimento da economia agraria do Rio Grande oitocentista é uma tese atualmente já bastante assentada. A bibliografia tem mostrado, neste sentido, que a escravidão não só se limitava ao desenvolvimento das charqueadas sulinas ?tal como indicara o seminal estudo de Cardoso nos anos 60-, mas também estendia-se às atividades rurais, tanto destinadas à produção pecuária, como agrícola. O trabalho escravo jogava, também, um papel central no mercado de trabalho urbano das vilas emergentes nos territórios meridionais desde inícios do século XIX. Contudo, este novo panorama ainda está longe de ser completo, em particular em relação ao peso que o fator da expansão da fronteira agrária -sobretudo pecuária-, teve sobre a dinâmica produtiva e, particularmente, do trabalho cativo. Considerando esta questão, a presente comunicação pretende indagar sobre as dinâmicas que marcaram a evolução da mão-de-obra escravizada em Triunfo e Alegrete, dois espaços da fronteira meridional brasileira marcados a fogo pela própria antiguidade de ocupação. Um, de ocupação mais antiga, primeiro foi fronteira e depois entreposto sobre o avanço para terras a oeste, além de ter se convertido em núcleo charqueador; outro, de ocupação recente, com predomínio de grandes unidades de produção destinadas especificamente á criação de gado bovino, em maior medida. A partir de evidencia tomada de inventários post-mortem de ambos espaços, a análise visará fazer um estudo comparativo sobre cinco aspectos principais relativos às escravarias: 1. As taxas de masculinidade; 2. A distribuição em razão da naturalidade; 3. Os componentes da estrutura etária; e 4. Diferentes variáveis relativas ao preço dos escravos.