Dispersão de Triatoma jatai: Caminhando ou voando? Uma avaliação à luz da morfologia

TEVES NEVES SIMONE; ALMEIDA CARLOS EDUARDO; CABRAL CATIA; MACEDO LOPES CATARINA; CARBAJAL DE FUENTE A.L; SANTOS MALLET JACENIR; BRUNA LÚCIA NASCIMENTO DE OLIVEIRA; MONTE GONÇALVES TERESA CRISTINA

Simposio; III Simpósio de Entomologia do Rio de Janeiro; 2015

As fêmeas de Triatoma jatai (Hemiptera, Reduviidae, Triatominae) apresentam a condição de semi-braquipteria tendo asas significantemente mais curtas que a dos machos. Nestas, as asas terminam ao final do 7º urotergito, ao passo que nos machos elas terminam no final do abdômen. Contudo, o padrão de venação é semelhante entre os sexos assim como semelhante ao de espécies que apresentam reconhecida capacidade de vôo. A modulação da atividade de voo em fêmeas de triatomíneos é influenciada por fatores biológicos como estado nutricional e reprodutivo bem como por fatores ecológicos, como densidade populacional e condições de temperatura e umidade. Dois espécimes fêmeas desta espécie foram capturados no ambiente domiciliar em fazenda situada no município de Paranã-TO, onde o cenário é de intensas ações impactantes como a construção de hidrelétricas e o reassentamento de populações humanas sobre os ecótopos naturais, o que podem estar contribuindo para a dispersão dos triatomíneos para o domicílio. Estudos morfométricos das estruturas relacionadas à locomoção da espécie Triatoma sherlocki, que é braquiptera, mostraram que esta não apresenta capacidade de vôo sendo o evento da dispersão realizado por caminhada. Estudo semelhante para T. jatai pode ajudar na avaliação do possível modo de dispersão destes triatomíneos em aréas sob ações impactantes nos habitats naturais. Desta forma, este trabalho teve como objetivo, segundo parâmetros já utilizados para T. sherlocki, avaliar a morfometria de estruturas morfológica de fêmeas da espécie T. jatai (n=14) em comparação com as da espécie irmã e simpátrica, de morfologia próxima, T. costalimai (n=13) e de T. sherlocki (n=15). As observações foram realizadas em lupa Stemi-SV11, tendo sido mensuradas (em mm) as seguintes estruturas: corpo (comprimento total); pronoto (comprimento, largura dos lobos anterior e posterior); asas (comprimento e largura); pernas (comprimento de cada segmento). Os resultados foram analisados por ANOVA, teste de Tuckey e teste de Brown-Forsythe (programas utilizados: JMPv11 e Past 3.01). Os espécimes de T. jatai apresentaram menor média de tamanho corporal (21,67) em relação a T. costalimai (26,01) e T. sherlocki (26,60). T. jatai apresentou menor pronoto (comprimento 3,04, largura do lobo anterior - Lla 1,43 e largura do lobo posterior - Llp 4,5) que o de T. costalimai (C= 3,41; Lla 1,47; Llb 5,0) e T. sherlocki (C=3,37; Lla=1,53; Llp=4,97). As asas de T. jatai apresentaram maior comprimento (12,38) que as de T. sherlocki (11,59) sendo ambas menores que as de T. costalimai (15,93). Já a largura das asas foi maior em T. jatai (4,50) em relação aos demais (T. costalimai 4,44; T. sherlocki 3,69). Com relação às estruturas das pernas T. sherlocki (tarso 1,50; tíbia 6,51; fêmur 6,53) são marcadamente maiores que T. jatai (tarso 1,10; tíbia 4,45; fêmur 4,55) e T. costalimai (tarso 1,19; tíbia 6,36; fêmur 5,78). Os resultados preliminares obtidos mostram que, apesar das fêmeas de T. jatai apresentarem semi-braquipteria, se comparadas por morfometria a T. sherlocki, não apresentam tamanho das pernas aumentados ou menor tamanho de pronoto, o que poderia indicar atrofia dos músculos alares e incapacidade de voo. A morfometria segundo os mesmos parâmetros para machos bem como presença e quantidade de músculo alar, testes de voo, tanto para fêmeas quanto machos destas espécies, alimentados e em jejum, serão realizados para complementar estes resultados e predizer in vitro da capacidade de dispersão desses insetos. Os dados obtidos poderão servir como base para os programas de vigilância entomológica da região.