INVESTIGADORES
MAILHE Alejandra Marta
congresos y reuniones científicas
Título:
Trópicos mestiços. Comparações entre o romance e o ensaio de Brasil e Cuba dos anos trinta
Autor/es:
MAILHE, ALEJANDRA
Lugar:
Juiz de Fora, Minas Gerais
Reunión:
Jornada; Encuentro "Pós-graduação e pesquisa em diálogo"; 2005
Institución organizadora:
Universidade Federal de Juiz de Fora
Resumen:
A minha palestra apresenta parte de minha pesquisa atual no CONICET da Argentina e agora no estágio pós-doutoral na UFF. O projeto se intitula “Trópicos mestiços” e procura analisar comparativamente textos narrativos e ensaios “antropológicos” (e/ou de interpretação nacional) produzidos por intelectuais dos anos trinta no Brasil, na Cuba, e em menor medida no Haiti, focalizando especialmente a concepção da cultura popular, e sobre tudo do mundo afro-americano. Aponta a reconstruir o diálogo que ensaios e romances estabelecem entre si, com as representações narrativas e ensaísticas herdadas de entre-séculos para pensar o popular, e com outras escrituras contemporâneas da vanguarda estética e do ensaismo do continente. O meu interesse é aprofundar o diálogo entre literatura de vanguarda e antropologia, nesse momento em que o primitivismo permeia os dois universos discursivos, e vários intelectuais (em geral envolvidos nas vanguardas estéticas e/ou políticas) empreendem um processo de clara desarticulação dos preconceitos herdados de entre-séculos para converter o outro em objeto de conhecimento ou representação. Uma pergunta geral que orientou meu trabalho se refere ao grau de ruptura que os textos atingem na definição do popular, nessa passagem do folclorismo racialista de entre-séculos ao culturalismo dos anos trinta, graças à mediação da experiência da vanguarda estética dos anos vinte. Do meu ponto de vista, para entender essa virada conceptual do ensaismo é insuficiente a simples consideração do diálogo desse corpus com o ensaismo prévio, ou com as ciências sociais no contexto internacional contemporâneo (por exemplo, o vínculo de Fernando Ortiz com a antropologia de Malinowski, ou a proximidade de Gilberto Freyre das teorias de Boas, Giddins ou Seligman, seguindo percursos geralmente salientados pela crítica): sem rejeitar essa perspectiva, acredito que pode resultar especialmente produtivo pensar as vanguardas nacionais como experiências de ponte nessa virada epistemológica, na medida em que elas, pelo fato de introduzir uma desarticulação estética e ideológica dos estereótipos herdados sobre o mundo popular, mediam na passagem do racialismo ao culturalismo, se antecipando (ou acompanhando) a emergência de um novo olhar ensaístico sobre a alteridade. Até agora tenho encontrado poucos trabalhos críticos que enxergam esse assunto (como Benzaquem de Araújo para Freyre ou González Echevarría e Manzoni para Ortiz) sem aprofundá-lo. Nesse sentido, o corpus escolhido adquire mais uma vantagem, pois esse diálogo cruzado entre antropologia e romance se propõe tanto reconstruir os laços de sociabilidade entre os romancistas e os ensaístas escolhidos, quanto, provocativamente, fazer com que emerjam  pontos de convergência e de confronto entre autores e textos  (como por exemplo Macunaíma e Casa-grande e senzala) que a crítica tradicional tem reconhecido como reciprocamente distantes.