INVESTIGADORES
SORA Gustavo Alejandro
artículos
Título:
Etnografia de arquivos e sociologia reflexiva: Contribuições para a história social da edição no Brasil e na América latina
Autor/es:
SORÁ, GUSTAVO
Revista:
Revista de Fontes
Editorial:
Unifesp
Referencias:
Lugar: San Pablo; Año: 2015 p. 15 - 28
ISSN:
2359-2648
Resumen:
O objetivo deste trabalho é refletir sobre a pesquisa em arquivos de agentes ligados à configuração da cultura escrita. Nos últimos anos, o ?aparecimento? de arquivos de editoras deu lugar a certa euforia e projetos para reuní-los e disponivilizá-los para o seu estudo. O encantamento que parece derivar dessas valiosas ações pode conduzir à naturalização dos acervos editoriais como um passo evidente do asentamento de um campo de pesquisas de recente formação. Contra esse mágico perigo, o aproveitamento dos seus conteúdos surje ao aplicar a dúvida metódica sobre os arquivos como espaços de pesquisa: como, quando, aonde surgem esses reservorios documentais? Qual é a sua especificidade e de que modo exigem esquemas de interpretação apropriados? Algumas destas questões sao pensadas na objetivação da minha própria relação de pesquisa com os arquivos da editora José Olympio. Através desse exercicio apresento a história desse arquivo e as suas possibilidades de existência em diversos momentos da trajetória desta empresa-cultural. Entre outros aspectos, eu analizo a sua evolução: Quando pode ter começado a ser organizado? Quando passou a ser uma marca da grandeza cultural da Casa? Quando e por que foi ?abandonado? e cómo passa hoje em dia a ser um tesouro da nação? Em segundo lugar abordo os usos que o próprio José Olympio fez dos documentos do arquivo como emblemas da riqueza de uma história que em vida do editor ele sentia que ninguém reconhecia, especialmente durante a fase de profunda crise que viveu a empresa e o editor desde meados dos anos 70. Em terceiro lugar observo os diferentes estados desse arquivo não como uma coleção de documentos, mas como um espaço social, quer dizer como um fato produzido pela ação humana e definido a partir das práticas e dos interesses específicos daqueles que podemos chamar de guardiões do arquivo e da memória de um âmbito social. Neste caso trata-se de uma editora, mas poderia ser uma escola, um ministério, um clube ou uma família. De modo indireto, procuro que o presente trabalho permita pensar: até que ponto o avanço de um área de pesquisa depende da disposição de acervos documentais ou do acceso a eles? De que modo o estado dos arquivos reflete questões mais gerais sobre a cultura e a sociedade que os tem produzido, esparcido ou eliminado? Em que medida a reflexão sobre os arquivos representa um limiar para o conhecimento?