INVESTIGADORES
SORA Gustavo Alejandro
artículos
Título:
Comércios do pensamento. Hachette e os intercâmbios culturais entre a França e a Argentina
Autor/es:
SORÁ, GUSTAVO
Revista:
REVISTA DO LIVRO
Editorial:
Atêlier
Referencias:
Lugar: Sao Paulo; Año: 2021 vol. 9 p. 217 - 234
ISSN:
0035-0605
Resumen:
O presente artigo explora os intercâmbios culturais entre a França e a Argentina através da atividade da Hachette, uma empresa assaz dinâmica no mundo do livro argentino na década de 1950. A palavra comércio no título deste artigo objetiva visualizar o lado econômico da circulação internacional de ideias, terreno de indagação decisivo enquanto núcleo do que é omitido nos discursos doutos e comumente adotados sobre a cultura legítima. Como já o demonstrou Pierre Bourdieu, o uso dos termos da economia para descrever os processos simbólicos nas sociedades de classes tem múltiplos efeitos. Um deles é dessacralizar as ideias a respeito da cultura para entendê-la de modo antropológico, na lama da história, como um meio específico das lutas de classes. Outro é demonstrar que as ideias não flutuam soltas, de pensamento em pensamento, e sim circulam em mercados, modeladas em objetos como livros, filmes ou telas e que na produção de valor simbólico intervêm forças econômicas e políticas, geralmente difusas nos estudos culturais. Esta ampliação de foco é necessária para a compreensão da distribuição desigual dos bens culturais e as encarniçadas lutas de classificações que gravitam ao redor de objetos transmissores de cultura como os livros.Para uma compreensão profunda da poderosa marca deixada pelas obras de autores franceses nos campos intelectual, acadêmico e editorial na Argentina e ibero-américa, as evidências do período recente expostas no referido levantamento devem estender-se em perspectivas de ampla duração. A esse respeito, desloco-me neste artigo com um estudo da Livraria Hachette, empresa de significativa presença na modelação da cultura argentina impressa entre 1920 e 1960. Como exemplo emblemático desta afirmativa, considere-se que a Hachette foi o meio onde Gregorio Weinberg pôde iniciar a coleção El Pasado Argentino, projeto ímpar de estabelecimento de um cânone do pensamento nacional. Mas não analisarei aqui em detalhe o catálogo: autores, gêneros, ideias. O foco ilumina a atividade comercial da Hachette. Os cenários que abordo neste texto justapõem-se a outros previamente reconstituídos.