Exportando guerras religiosas: as respostas dos umbandistas à IURD na Argentina e no Uruguai.

ALEJANDRO FRIGERIO

Intolerância religiosa: Conflitos entre pentecostalismo e religiões afro-brasileiras

Editora da Universidade de Sao Paulo

Lugar: Sao Paulo; Año: 2007; p. 71 - 117

Na  sua expansão geográfica e social que ultrapassa antigas barreiras de classe, cor, região e, nas últimas décadas, nação, as religiões afro-brasileiras têm conseguido graus dispares de legitimidade social, gerando alianças e conflitos com diferentes atores sociais. Nos últimos anos, o dinâmico e poderoso agrupamento neopentecostal Igreja Universal do Reino de Deus tem se transformado em um dos seus mais tenazes adversários. Esse trabalho propõe-se analisar o conflito entre ambos agrupamentos religiosos, desenvolvido na Argentina e no Uruguai. Argumenta-se que a intensidade do conflito relaciona-se com os níveis de legitimidade e de visibilidade social que ambas religiões alcançam em cada sociedade e com o grau de organização local dos afro-umbandistas ? em particular, com a existência ou não de um marco interpretativo de ação coletiva que enfatize seus direitos cíveis. Outrossim, indaga-se sobre a importância de fatores contextuais que transcendam a ambos os agrupamentos religiosos. No nível nacional, são particularmente importantes as narrativas dominantes da nação prevalentes em cada país. Estas narrativas fornecem um espaço às distintas etnias e minorias religiosas dentro delas e atuam como recursos culturais que podem ser mobilizados para reivindicar direitos próprios ou para atacar o adversário. No nível transnacional, resulta particularmente influente a situação do conflito no Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul. As estreitas relações que os afro-umbandistas do Rio de la Plata mantêm com os líderes religiosos daquele estado os tornam particularmente sensíveis nos conflitos que aí se desenrolam. As disputas entre a umbanda e a IURD em Porto Alegre são tomadas como antecedentes e parte de ações dos umbandistas platinos dirigidos, nos últimos anos, a evitar que esses conflitos se repitam lá.