Caracterização de microssatélites polimórficos para estudos populacionais em bugio-ruvio Alouatta guariba

L. I. OKLANDER, L. JERUSALINSKY, S.L. BONATTO

Foz de Iguazú, BRASIL

Congreso; 52º Congresso Brasileiro de Genética, 12º Congreso de la Asociación Latinoamericana de Genética.; 2006

Sociedade Brasileira de Genética

O bugio-ruivo (Alouatta guariba) é um primata endêmico da Floresta Atlântica, ocupando desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul e nordeste da Argentina. Duas sub-espécies são reconhecidas para A. guariba: A. guariba clamitans, com acentuado dicromatismo sexual nos indivíduos adultos e amplamente distribuída ao sul do rio Jequitinhonha (Bahia); e A. guariba guariba, sem dicromatismo e com ocorrência restrita a poucos remanescentes florestais ao norte daquele rio. Ambas sub-espécies foram avaliadas pelas listas de espécies ameaçadas de extinção brasileira e internacional, a primeira, como Quase Ameaçada, e, a última, como Criticamente em Perigo. Estudos anteriores, abordando a diversidade em seqüências mitocondriais de A. guariba indicam um suporte molecular para estas duas unidades evolutivas infra-específicas e ausência de estruturação geográfica interna nestas unidades. Entretanto, praticamente nada é conhecido sobre a diversidade genética nuclear da espécie, não havendo marcadores caracterizados para estudos populacionais. As investigações com microssatélites, particularmente, vêm permitindo elucidar sistemas de cruzamento e detalhar o êxito reprodutivo dentre os indivíduos que compõem os grupos sociais, além de possibilitar acessar o nível de endocruzamento e a estrutura genética das populações. Com o objetivo de caracterizar marcadores para realizar este tipo de estudo em A. guariba, foi avaliada a aplicabilidade de nove loci de microssatélites descritos anteriormente para diferentes espécies de primatas (Alouatta caraya, Alouatta belzebul, Lagothrix lagotricha e Homo sapiens). Nos 40 indivíduos de A. guariba analisados, os nove marcadores testados resultaram polimórficos, com um número médio de alelos de 5,89 e uma heterozigozidade variante entre 0,28 e 0,80. Além disso, estes nove marcadores em conjunto, possuem um poder de exclusão de paternidade de 0,96. Os resultados obtidos demonstram a aplicabilidade de todos os marcadores analisados para estudos da espécie enfocada, tanto para abordagens sociais e comportamentais, quanto populacionais e filogeográficas. A utilização destes marcadores poderá auxiliar, portanto, a estabelecer um salto qualitativo no conhecimento existente sobre a espécie de primata endêmica da Floresta Atlântica mais amplamente distribuída por este bioma, bem como qualificar as estratégias manejo voltadas à conservação de suas populações selvagens e cativas.