INVESTIGADORES
ROIG JUÑENT Fidel Alejandro
congresos y reuniones científicas
Título:
A relevancia de estudos dendrocronologicos no Brasil
Autor/es:
FIDEL A. ROIG
Lugar:
Gramado
Reunión:
Conferencia; 57 Congresso Nacional de Botanica do Brasil; 2006
Institución organizadora:
Sociedade Botanica do Brasil
Resumen:
Os anéis de crescimento das dicotiledoneas constituem uma valiosa fonte de informação do passado, sobre a variabilidade ambiental a nível de resolução anual. Além do uso dos anéis de crescimento como dados semelhantes ao clima, a dendrocronologia (ou análises de anéis de árvores) têm demonstrado ser uma poderosa ferramenta aplicada á estudos de ecologia e produção florestal. No entanto, dados de anéis de crescimento para análises paleoambiental são, até agora, muito excassos para vastas áreas da América do Sul. Historicamente, o desenvolvimento de estudos dendrocronológicos foi maior nos bosques temperados da América do Sul, principalmente porque alí as árvores formam anéis de crescimento bem definidos, sendo que as regiões tropicais permaneceram condicionadas a um segundo plano.Os ecossistemas tropicais constituem uma parte essencial para o equilíbrio global da terra, com forte interferência no intercâmbio de carbono com a atmosfera e no ciclo global da água. Entretanto, o conflito entre a necessidade humana por produtos florestais e a relativamente baixa taxa de recuperação das florestas afetadas, produzem alterações que definem uma aceleração dos processos de degradação natural. Somente no Brasil, na Floresta Amazônica, o desflorestamento ocorre a uma taxa de 2,500 km2 por ano. Um manejo florestal com maior conhecimento aliviaria esta situação e o incremento de estudos autoecológicos das florestas tropicais aumentaria os estudos dendrocronológicos. Neste sentido, o Brasil constitui um bom laboratório natural.A possibilidade de aplicar métodos com anéis de crescimento em espécies tropicais pressupõe a presença de camadas de crescimento bem definidas. Uma pré-condição para a existência destes anéis de crescimento é a presença de climas com sazonalidade anual. Por isso, os estudos de anéis de crescimento nos trópicos deveriam expandir-se para as regiões onde exista forte sazonalidade na precipitação, inundação ou temperatura (áreas montanhosas), que promovem um estimulo estacional suficientemente forte para a formação dos anéis de crescimento. Minuciosos estudos sobre a atividade do câmbio vascular no Brasil revelaram, por exemplo, que as árvores da Mata Atlântica experimentam ritmos periódicos de formação do lenho como resposta aos ciclos da precipitação anual. Árvores de Terra Firme mostraram um comportamento cíclico do crescimento como resposta ás estações seca/chuvosa alternadas. Por exemplo, espécies dos gêneros Hymenaea, Centrolobium, Pterocarpus (Leguminosas), Terminalia (Combretaceas), Tabebuia (Bignoniaceas), Cedrela, Swietenia (Meliaceas), Aspidosperma (Apocynaceas), respondem principalmente á disponibilidade de água como controle climático do crescimento. Mesmo assim, no planalto do sudeste brasileiro, os ciclos térmicos estacionais estão vinculados com a formação dos anéis de crescimento anuais, tal como foi observado para Araucaria angustifolia. Estes são casos convincentes sobre as respostas fisiológicas das árvores tropicais aos fatores climáticos limitantes do crescimento e que pode ser aproveitado para estudos dendrocronológicos.Estima-se que entre 25-45% das espécies arbóreas da Amazônia presentam anéis de crescimento distintos, sendo estas porcentagens similares para as regiões sub-tropicais de outras partes do mundo. Estas evidências sugerem interessantes perspectivas para estudos dendrocronológicos no Brasil. Por isso, o emprego dos anéis de crescimento de árvores tropicais deveria ser direcionado para uma fase de expansão e consolidação em redes com coleções em escala continental. Por exemplo, Cedrela e Swietenia, em um transecto através da Amazônia até a América Central, constituiria uma base de dados indispensável para estudar a evolução de paleoclimas relacionados ás condições de estacionalidade pluvial e, por sua vez, como os processos de anomalias associadas e que intenssificam processos climáticos como o El Niño e sua vinculação com a Zona de Convergência Intertropical e as temperaturas da superfície do mar. Ademais, a informação dendrocronológica seria essencial para resolver outros mistérios, tais como, determinar a idade real das árvores tropicais e as consequências dos processos de competição nas taxas de crescimento, articulando um manejo mais racional das florestas e facilitando um mais eficiente desenvolvimento de políticas de conservação que mitiguem as influências negativas sobre o ambiente.A complexidade dos biomas e a diversidade de espécies do Brasil possibilitam diversas oportunidades para desenvolver estudos dendrocronológicos, os quais são discutidos nesta apresentação.