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Introdução A biologia da polinização de poucas espécies de Chloraeinae tem sido estudada, e muitos desses estudos tem focado no sistema reprodutivo e sucesso de frutificação [1, 2]. Chloraeinae membranacea Lindl. é uma das poucas espécies de distribuição não-Andina deste grupo. O objetivo deste trabalho é elucidar a biologia da polinização, morfologia floral funcional e o sistema reprodutivo em populações nativas desta espécie na Argentina (Buenos Aires) e no Brasil (Rio Grande do Sul). Metodologia Os caracteres florais foram examinados utilizando microscopia óptica, eletrônica de varredura e de transmissão. O sistema reprodutivo foi estudado através de polinizações controladas, em campo e cultivadas e em casa de vegetação. As observações de polinização foram feitas em populações naturais e o comportamento dos polinizadores foi registrado através de fotografia e vídeo. Resultados e Discussão Ambos espécimens, da Argentina e do Brasil, foram muito consistentes sobre todos os caracteres estudados (Fig. 1). As flores não são nectaríferas e as análises anatômicas e de fragrância indicam que as projeções escuras e clavadas sobre a superfície adaxial do labelo são osmóforos (Fig. 1A-B and E-G). As plantas são auto-compatíveis e dependentes de polinizadores. Os frutos obtidos pelos tratamentos de polinização manual e auto-polinização foram quase idênticos. O principal polinizador são machos e fêmeas de abelhas Halictidae que retiram o polinário quando saem das flores (Fig. 1E-G). Estas abelhas tendem a visitar mais que uma flor por inflorescência, promovendo assim auto-polinização (geitonogamia). O sucesso de frutificação nas plantas Brasileiras atingiram 60,78% em 2010 e 46% em 2011. Algumas abelhas fêmeas que carregavam os polinários foram observadas transferindo o pólen para suas pernas traseiras (Fig 1G). O uso do pólen pelo polinizador é um registro raro para Orchidaceae. Chloraea membranacea é polinizada por engodo. A auto-polinização, a textura do polinário, a abundância de polinizadores e o seu comportamento podem refletir o alto sucesso reprodutivo observado. Conclusões A partir do momento que uma filogenia mais robusta e representativa de Chloraea estiver disponível, será possível traçar estratégias de polinização já documentadas nas árvores filogenéticas e propor possíveis cenários para sua evolução. Para alcançar este objetivo, é necessário uma reavaliação completa dos caracteres florais envolvidos na polinização, no qual serão abordados em trabalhos futuros. Figura 1. Caracteres florais e polinização de Chloraea membranacea. (A) Inflorescência racemose e multi-florada. (B) Flor com sépala e pétala lateral removidas para mostrar o labelo articulado com a coluna e projeções labelares (osmóforos). (C) Coluna. (D) Polinário. (E-G) Polinização por abelhas Halictidae. (E) Abelha antes da remoção do polinário. (F) Abelha retirando o polinário. O inseto tenta remover o polinário grudado em seu dorso. (G) Abelha carregando o polinário. Note que as pernas traseiras estão carregadas com pólen. Escalas: (A, B, E?G). 1 cm; (C, D). 5 mm. Agradecimentos Os autores agradecem ao Centro de Microscopia Eletrônica (CME/UFRGS), à Greta A. Dettke (PPGBot/UFRGS), a Embrapa Uva e Vinho, ao Dr. Carlos Lehnebach (Museum of New Zealand Te Papa Tongarewa), bem como a Arturo Roig-Alsina (Museo Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia). CRB e MP agradecem à CAPES pelas bolsas concedidas (Doutorado e Mestrado, respectivamente). AS agradece ao CONICET pela bolsa concedida (Doutorado) e a Hector Verna. Referências Bibliográficas [1] Lehnebach, C.A. & Riveros, M. 2003. Pollination biology of the Chilean endemic orchid Chloraea lamellata. Biodiversity and Conservation 12: 1741?1751. [2] Humaña, A.M.; Cisternas, M.A. & Valdivia, C.E. 2008. Breeding system and pollination of selected orchids of Chloraea genus from central Chile. Flora 203: 469?473.

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