A estética pragmatista de Kate Gordon: reconstruindo o cânone

HAUBERT, LAURA ELIZIA

Campinas

Congreso; IV Vozes: Mulheres na Filosofia; 2024

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas

A estética pragmatista ressurgiu com força no cenário acadêmico no final da década de 1990, graças aos esforços de intérpretes como Richard Shusterman (2002). Desde então, muito tem sido escrito sobre seus pensadores representativos e suas principais características. É interessante notar que grande parte da pesquisa até agora tende a se concentrar na estética desenvolvida por John Dewey, e pode-se até encontrar em alguns intérpretes uma suposta equivalência entre os termos “estética pragmatista” e “estética deweyana”. Essa correspondência é compreensível, pois dos três principais expoentes do pragmatismo clássico (Peirce, James e Dewey) apenas o último desenvolveu uma estética sistemática em seu livro “Arte como Experiência” de 1934. Mais recentemente, Shusterman (1999 e 2012) e Roberta Dreon (2021), entre outros, procuraram expandir o cânone da estética pragmatista clássica examinando as perspectivas fragmentárias de pensadores como Ralph Emerson, Charles S. Peirce, William James e Alain Locke. Esse trabalho de reconstrução e ampliação do cânone, no entanto, está longe de ser concluído. Como esta pesquisa pretende mostrar, houve toda uma produção estética pragmatista menos explorada pelos exegetas e que reside nas obras de pensadores pouco ou nada conhecidos atualmente. Esse é, justamente, o caso do ensaio de estética da filósofa Kate Gordon aqui estudado.O intuito desta apresentação é dupla. Por um lado, contribuir com o trabalho de recuperação das filósofas pragmatistas, atendendo a convocação feita por Haddock Seigfried (1991) de expansão do cânone. Por outro lado, atentando-se mais especificamente a área da estética, pretende-se corrigir e preencher uma lacuna, a respeito de uma pensadora relevante para a tradição da estética pragmatista e sobre a qual até o momento não foi estudada em profundidade.Assim, essa apresentação tem como objetivo reconstruir, em linhas gerais, o argumento apresentado por Gordon em seu ensaio de 1908 intitulado “Pragmatismo na estética”, no qual pela primeira vez as palavras “pragmatismo” e “estética” aparecem juntas na história da filosofia. Para atingir o objetivo proposto, dividiu-se a pesquisa em três momentos. No primeiro deles, apresenta-se uma breve biografia da filósofa com o intuito de recuperar sua figura do esquecimento histórico, restabelecendo-a como parte do cânon pragmatista. Em seguida, examinou-se seus argumentos formulados no ensaio de 1908. Por fim, em seguida, são feitas algumas considerações finais.