INVESTIGADORES
LIO Vanesa Gisela
congresos y reuniones científicas
Título:
Novas tecnologías, fontes e novos modos de produção de notícias policiais na televisão argentina
Autor/es:
CALZADO, MERCEDES; LIO, VANESA
Reunión:
Encuentro; ENCONTRO REGIONAL SUDESTE 2022 DE ENSINO DE JORNALISMO Jornalismo: (In)formação essencial para a democracia; 2022
Resumen:
Este trabalho apresenta os resultados de um projeto de pesquisa sobre os novos modos de produção de notícias policiais na televisão. A investigação envolveu o monitoramento de telejornais dos cinco principais canais da cidade de Buenos Aires e entrevistas com profissionais da notícia. Analisamos as rotinas de produção das notícias policiais, o surgimento de novas fontes de informação e as formas de narrar e enunciar as notícias policiais na televisão. Nossos achados sugerem que a maioria dos noticiários na televisão dá destaque às notícias sobre crimes em suas agendas e que sua produção e apresentação mudaram com a disseminação das tecnologias digitais como fontes de informação.Desde meados da década de 1990, na Argentina, o tema da criminalidade e da segurança pública se tornou uma questão política, econômica, sociocultural e de mídia. Neste contexto, o crime ganhou cada vez mais espaço em diferentes mídias (Martini & Pereira, 2009) sendo visto como uma das questões mais importantes para a população (Kessler, 2009), à medida que o sensacionalismo e o melodrama se tornaram elementos centrais do discurso jornalístico argentino (Ford, 1994; Sunkel, 1985). Essas formas de enquadrar o crime e a delinquência têm sido usadas até hoje, de fato, as transmissões de televisão e rádio da cidade de Buenos Aires priorizam as notícias policiais acima das informações gerais, política e esporte (Defensoría del Público de Servicios de Comunicación Audiovisual, 2018).Nos últimos anos na Argentina a produção do noticiário policial/criminal tem mostrado uma transformação relacionada às mudanças tecnológicas. Sempre houve uma relação estreita entre o jornalismo e as fontes institucionais, especialmente as policiais. Porém, nos últimos anos, as redes sociais e os dispositivos tecnológicos como telefones celulares e câmeras de segurança aumentaram as possibilidades de produção de informações com um tipo de conteúdo diferente, onde a imagem é parte central da noticiabilidade dos susecos.A análise de conteúdo e as entrevistas da nossa pesquisa mostram um achado relacionado ao que chamamos de relativo deslizamento das fontes das notícias policiais. A clássica relação entre polícia, judiciário (como definidores primários das notícias) e jornalismo policial (Calzado & Maggio, 2009) não desaparece, mas podemos observar que a capacidade das tecnologias digitais para gerar conteúdo noticioso diferente das agências formais modifica o processo de uso de fontes. Conforme afirmado pela pesquisa em jornalismo, as tecnologias digitais modificam não apenas as rotinas jornalísticas, como o processo de pesquisa ou as práticas de uso de fontes, mas também a forma de relatar uma matéria: os jornalistas contam histórias, mas, ao contrário dos romancistas e historiadores, as histórias no jornalismo são apresentadas ao público como factuais. Assim, pretendendo apresentar “instantâneos do real” (McNair, 2005, p. 30), tecnologias como os sistemas de televisão de circuito fechado, smartphones e mídias sociais trazem ao jornalista a possibilidade de contar histórias a partir de imagens reais.Nesse sentido, observamos que os produtores e jornalistas de televisão argentinos, ávidos por mais conteúdos (e atualização dos acontecimentos já transmitidos), buscam o maior número possível de fontes multimídia. Em primeiro lugar, as câmeras de segurança parecem funcionar como uma fonte per se, as imagens são provenientes principalmente da polícia ou de outras instituições criminais. Muitas imagens são aquelas a que o jornalista tem acesso e, em casos criminais, às vezes são oferecidas pelas forças de segurança. Outras são simplesmente imagens de câmeras privadas fornecidas por vizinhos, associações de bairro ou empresas privadas. Outra fonte importante, além das câmeras de segurança, é o uso de telefones celulares. O fato de que as imagens muitas vezes são imperfeitas reforça a ideia de ser real, de que realmente aconteceu no aqui e agora da notícia. Essas fontes são sintomáticas de uma nova abordagem jornalística que se intensificou nos últimos anos, o jornalismo cidadão. Por último, as redes sociais funcionam também como um canal de acesso às fontes primárias. Em muitos casos, permite um caminho direto para as declarações dos personagens centrais, rastreando seus comentários no Twitter ou Facebook, ou imagens pessoais da vida privada e que servem para ilustrar notícias. Já que essa rapidez de acesso seria impossível pelos métodos tradicionais, as redes sociais tornaram-se a abordagem mais direta e imediata. A partir das descobertas de nossa pesquisa, nos perguntamos sobre os novos problemas éticos surgidos em torno do uso de novas tecnologias como fontes de informação. Por um lado, permitem o acesso ao material audiovisual, mas geram polêmicas quanto à afetação de direitos como a privacidade, a intimidade e o respeito à própria imagem, atravessados ​​pelos limites difusos entre o público e o privado. Existem limites da prática jornalística ao uso deste tipo de imagens? Como esse jeito de contar notícias a partir de uma “retórica da realidade” opera nas rotinas de produção? Quais são os desafios atuais dos jornalistas na busca de conteúdo e na construção da notícia policial? Como pode ajudar a pesquisa acadêmica para estes novos desafios?