PERSONAL DE APOYO
CATALDO Daniel Hugo
capítulos de libros
Título:
Taxas de clareamento. En Introdução a Biologia das Invasões
Autor/es:
FRANCISCO SYLVESTER; DANIEL CATALDO; DEMETRIO BOLTOVSKOY
Libro:
Introdução a Biologia das Invasões. O Mexilhão Dourado na América do Sul: biología, dispersão, impacto, pervenção e controle
Editorial:
Cubo editora
Referencias:
Lugar: São Carlos, SP; Año: 2009; p. 129 - 139
Resumen:
Como na grande maioria dos bivalves, tanto de água doce como marinhos, o Limnoperna fortunei (Dunker, 1857) se alimenta de partículas de material orgânico suspensas na água. Para isso, filtram o líquido através das brânquias, estruturas especializadas que retêm o material particulado, parte do qual é ingerido. A quantidade de material nutritivo presente nas águas de rios e lagos é normalmente muito baixa, geralmente menos de 1 mg por litro, motivo pelo qual os organismos filtradores devem processar volumes de água muito altos para satisfazer suas demandas energéticas, de crescimento e reprodutivas. Em consequência, quando as densidades de organismos que se alimentam desta maneira são altas, sua atividade filtradora costuma afetar profundamente os ecossistemas aonde habitam. Os mecanismos mediante os quais o processo de alimentação dos filtradores influencia o ambiente são múltiplos. Em primeiro lugar, a filtração extrai material particulado da coluna de água e o transfere aos sedimentos em forma de fezes ou pseudofezes; desta maneira a água se torna mais transparente e o fundo é enriquecido com material orgânico. Além disso, o consumo e a digestão de partículas ativam a degradação e mineralização; isso afeta as quantidades e relações percentuais de nutrientes inorgânicos na coluna de água, que por sua vez incidem sobre a quantidade e tipo de fitoplâncton. A diminuição da turbidez, o consumo do fitoplâncton e o aumento nas concentrações de nutrientes favorecem o crescimento da vegetação de fanerógamas submersas. Os animais bentônicos, em particular os detritívoros, são favorecidos pelo maior conteúdo de material orgânico no fundo, pela maior oxigenação da água devido à circulação produzida pelo processo de filtração e pelas oportunidades de refúgio e proteção que oferecem os bancos de filtradores sésseis como os do L. fortunei (Karatayev et al., 2004). Se bem que até o momento, nenhum destes efeitos tenha sido descrito ainda para o mexilhão dourado (com exceção de sua influência sobre a diversidade e abundância de invertebrados bentônicos em uma localidade do Río de la Plata: Darrigran et al., 1998; ver Capítulo 3), isso seguramente se deve à escassez de investigações e não à ausência de efeitos. Modificações do meio, como as apresentadas, foram descritas em numerosos ambientes da Europa e EUA invadidos pelo mexilhão zebra Dreissena polymorpha (Pallas, 1771), uma espécie oriunda da área da depressão Aralo-Caspiana que começou a propagar-se pela Europa ocidental no século XIX e desembarcou na América do Norte no final da década de 1980. Apesar de serem membros de famílias diferentes, o L. fortunei (Mytilidae) e o D. polymorpha (Dreissenidae), compartilham numerosas características. Ambas são dióicas e de tamanho similar, têm crescimento rápido, se fixam em substratos duros por meio de um forte bisso, se dispersam velozmente graças a seus estágios larvais planctônicos e alcançam densidades populacionais extremamente altas (Ricciardi & Rasmussen, 1998; MacNeill, 2001; O´Neill, 2001; Karatayev et al., 2004). Como o L. fortunei, depois de invadir uma área, o D. polymorpha se converte no único invertebrado bentônico dominante