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Neste artigo, combino três tipos de fontes policiais que registram a interação cotidiana entre homens de diferentes corporações e hierarquias e mulheres identificadas como prostitutas, ou suspeitas de prostituição: as correspondências entre diferentes autoridades públicas; os partes diários da guarda civil carioca ao longo dos anos de 1904 e 1906, e os inquéritos administrativos da polícia civil sobre seus membros acusados de conduta imprópria. Através dessas fontes, minha intenção é propor uma aproximação entre as linhas de reflexão que têm se dedicado a repensar a questão do Estado e da construção social da autoridade policial e aquelas que têm empregado as fontes policiais para desvendar aspectos da interação cotidiana entre policiais e prostitutas. Meu enfoque sobre as práticas de policiamento das prostitutas busca articular as dificuldades de construção da autoridade por parte dos policiais diante de seus pares e dessas mulheres, e as relações de proximidade entre policiais e prostitutas. Em relação a esse segundo aspecto, quero argumentar que tais relações ganham inteligibilidade somente quando vistas à luz de um contexto mais amplo do qual fazia parte uma variedade de outros homens, sem uniforme, que também se relacionavam cotidianamente com as prostitutas.

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