O que não se vê. Corpos femininos nas páginas de um jornal malicioso

SCHETTINI CRISTIANA

Historia do Corpo no Brasil

Editora UNESP

Lugar: Sao Paulo; Año: 2011; p. 315 - 349

A existência contínua do Rio Nu no panorama da imprensa de humor, e mais especificamente da imprensa considerada para homens, ou dos jornais de gênero alegre, ao longo de quase 20 anos, constitui uma oportunidade interessante de indagar sobre os sentidos deste humor peculiar que circulava pelas ruas do Rio de Janeiro e também por cidades pequenas do interior do país. À parte a intenção explícita de divertir e excitar sexualmente seus leitores com gravuras e textos caracterizados por seus autores como sugestivos e maliciosos, porém nunca pornográficos, jornais como o Rio Nu permitem uma leitura que aborde essa linguagem particular no contexto das relações sociais do período. Em outras palavras, se trata de se perguntar sobre a dimensão social das fantasias sexuais veiculadas em suas páginasDesta forma, ao considerar o caráter histórico e socialmente localizado das imagens centradas em nus femininos e das narrativas sexuais em circulação no período, podemos articular uma pergunta sobre seus significados sociais específicos no Rio de Janeiro nos primeiros anos do século XX. A intenção deste texto é empreender este exercício através da confrontação entre as imagens publicadas no Rio Nu, em especial aquelas que retratavam corpos femininos, com seu conteúdo escrito.