A Igreja Universal do Reino de Deus: um ator e as suas costuras da sociedade brasileira contemporânea

SEMÁN, PABLO

DEBATES DO NER

UFRGS

Año: 2001 p. 87 - 100

1519-843X

Importantes e cheias de consequências são as descobertas deste trabalho de Oro. Nesta intervenção, e devido ao meu próprio percurso de pesquisa, quero fazer referência específica a algumas delas: as que no texto de Oro atingem o pentecostalismo e, mais especificamente ainda, aquelas referentes à Igreja Universal do Reino de Deus. Dita igreja, nascida há menos de três décadas, tornou-se massiva e, quase que surpreendentemente, se politiza de forma tão ágil quanto relevante. Esses fenômenos nos deixam inquietos e nos fazem perguntar: como pensar a atuação desta igreja em relação à sociedade brasileira contemporânea?. O que esse fenômeno revela desta sociedade e quais são os termos que permitem capturar melhor essa realidade?. Não pretendo dar uma resposta exaustiva a questões tão amplas e estratégicas mas, seguindo os passos dados pelo artigo de Oro, quero sugerir uma hipótese que deveria guiar esforços mais prolongados e que liga os dados da nossa especialização no campo religioso com interpretações mais abrangentes da sociedade brasileira. Baseado na interpretação de Sorj (2000) do caráter multiface- tado da sociedade brasileira (especialmente a coexistência do estado racionalizador, do capitalismo e dos padrões sócio-culturais que fazem da brasileira uma sociedade religiosa), concluirei que a Igreja Universal é um tipo de instituição especial: ela deve ser concebida como um ator, como um princípio composição que costura algumas dessas múltiplas facetas transformando a sociedade.