A habitação social como objeto de propaganda institucional na ditadura chilena

GABRIELA GOMES

Pensar as Direitas Na América Latina

Alameda

Lugar: São Paulo; Año: 2019; p. 391 - 414

Nesse capítulo estudamos os usos propagandísticos dos projetos de habitação social na programática ditatorial do Chile. Para tal analisaremos um conjunto de instrumentos propagandísticos produzidos pela ditadura destinada a mostrar sua ação social. Concordamos com Gamarnik com relação à importância de analisar como as ditaduras buscaram instalar seu discurso oficial e sua versão dos fatos históricos. Entendemos que adentrarmos na dimensão propositiva através da análise dos projetos institucionais em matéria habitacional e os instrumentos propagandísticos da ditadura nos permite analisar que tipo de projeto político e institucional impenderam as ditaduras para mostrar sua ação social que lhes permitisse construir legitimidade política e buscar apoios sociais e projetar-se ao exterior como um governo ?moderno?.Nossa hipótese é que as propagandas oficiais das políticas sociais em geral e a habitação social em particular promovidas pela ditadura chilena foram parte de sua estratégia programática que objetivava, por um lado, mostrar um rosto social para construir legitimidade sociopolítica. Por outro, partindo da ideia dos efeitos normalizadores e disciplinadores das políticas sociais, as propagandas institucionais visavam incidir na vida cotidiana dos setores populares urbanos inculcando valores familiares, a economia, a austeridade e a iniciativa privada como valores econômicos que fariam do Chile uma ?grande nação?. Promoveram novas formas de comportamentos dentro do lar associados à vida ?moderna?, cujo principal objetivo era a transformação radical dos espaços cotidianos. Tais valores foram parte das amplas estratégias de intervenção social ressocializadoras e reeducadoras que caracterizou a ditadura.