DETERMINAÇÃO DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS EM SEDIMENTOS MARINHOS DE POTTER COVE, PENÍNSULA ANTÁRTICA

DAUNER AL; MAC CORMACK W.P; HERNANDEZ EA; RUBERTO L; MARTINS CC

San Pablo

Simposio; XIX Simposio Brasileiro sobre Pesquisa Antartica; 2012

Centro de Pesquisas Antarticas da Universidade de Sao Pablo

O ambiente antártico é uma das poucas regiões ainda consideradas intocadas pelo ser humano. No entanto, a preocupação com estudos em um ecossistema tão peculiar acarretaram, a partir da década de 50, na instalação de estações de pesquisa no continente e nas ilhas próximas. Assim, as atividades relacionadas à geração de energia e ao transporte, essenciais para a presença do homem nessa região, resultam na introdução de contaminantes no ambiente marinho antártico, tais como os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs). Os HPAs são marcadores orgânicos geoquímicos, ou seja, servem como indicadores de processos antrópicos, sendo formados por pelo menos dois anéis aromáticos, podendo ou não ser substituídos. São classificados de acordo com cadeia carbônica, sendo que os compostos com mais de três anéis aromáticos são associados preferencialmente ao aporte pirolítico, enquanto compostos com dois ou três anéis, especialmente os substituídos, são mais relacionados a fontes petrogênicas. na costa sudoeste da Ilha Rei George, Arquipélago Shetlands do Sul, na Península Antártica, e onde está situada a estação de pesquisa argentina Jubany. O objetivo geral deste trabalho foi estudar a distribuição espacial de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), a fim de avaliar um possível quadro de contaminação por petróleo e seus derivados em Potter Cove, e comparar com dois outros locais amostrados, considerados como de referência. Foram coletadas 16 amostras de sedimentos superficiais, sendo 12 amostras em Potter Cove, duas na Ilha Nelson e outras duas próximas à Ilha Ardley. As amostras foram extraídas em Soxhlet, fracionadas em colunas de adsorção e, por fim, injetadas em um cromatógrafo a gás, equipado com um espectrômetro de massa (GC-MS). As concentrações de HPAs em Potter Cove variaram entre 12,05 e 210,02 ng.g -1 (média de 34,40 ng.g -1 ± 56,80) (Fig. 1). As maiores concentrações foram encontradas no centro da baía, devido provavelmente ao fato de esta região apresentar maiores profundidades, propiciando o acúmulo de sedimentos, especialmente mais finos, e também destes marcadores (Fig. 2). Esses valores estiveram na mesma faixa dos níveis encontrados próximo a outras estações de pesquisa antártica, como a Estação Antártica Comandante Ferraz (Brasil), a Estação Polar Mendel (República Checa) e a Great Wall (China). No entanto, estão abaixo dos níveis encontrados em estações maiores, como a Estação McMurdo e a Estação Palmer (ambas dos EUA). Os valores de HPAs encontrados na Ilha Nelson foram levemente inferiores aos encontrados em Potter Cove, com média de 10,49 ng.g -1 (Fig. 3), provavelmente devido aos sedimentos mais finos e à maior distância desde fontes potenciais para estes compostos. Já os valores obtidos na Ilha Ardley estiveram na mesma faixa dos encontrados em Potter Cove, com média de 24,56 ng.g -1 (Fig. 2), mas bem abaixo do valor máximo encontrado no centro da baía, em Potter Cove. Estes valores de marcadores de origem antrópica podem ser explicados pela influência da estação de pesquisa Great Wall, que se situa próximo ao local amostrado. As razões entre HPAs de mesma massa molecular (antraceno e fenantreno, e benzo(a)antraceno e criseno) indicou predominância de fontes petrogênicas na região. No entanto, uma das amostras referentes ao centro da baía apresentou valores indicativos de origem pirolítica. Os resultados deste estudo mostraram que a região de Potter Cove não pode ser considerada impactada por hidrocarbonetos policíclicos aromáticos em comparação com outras áreas antárticas, e que a principal origem destes compostos parece ser associada a aportes petrogênicos.