Guia etnotaxonômico ilustrado das Abelhas sim Ferrão da Tríplice Fronteira (Argentina, Paraguai, Brasil).

FERNANDO ZAMUDIO; ALVAREZ, LEOPOLDO JESÚS

EDUNILA

Lugar: Foz do Iguaçu; Año: 2022 p. 167

978-65-86342-20-8

As abelhas sem ferrão são um grupo de abelhas sociais que vivemem colônias, formadas por centenas ou milhares de exemplares,e que se distinguem de outras abelhas principalmente porquenão têm um ferrão funcional, ou seja, não picam. Estas abelhassão amplamente conhecidas pelas sociedades indígenas e ruraisda América pelo fato de produzirem um mel requintado que temsido usado desde os tempos pré-hispânicos, muito antes de a abelhaeuropeia (Apis mellifera L.) ter sido introduzida nas Américas.Em nosso continente, rico em cultura e natureza, as abelhas semferrão vivem em estreita relação com os seres humanos, resultandoem uma amplitude de conhecimentos, práticas e representaçõesque são incorporados nas cosmologias das sociedades quehabitam.Esta obra vem ao encontro da sociedade e da natureza coma ideia de introduzir os leitores no mundo de um grupo de insetosintrigantes desde uma perspectiva partilhada, que busca odiálogo entre diferentes olhares e reflete tanto o conhecimentodas pessoas locais como o dos pesquisadores das ciências naturaissobre as abelhas sem ferrão da região da Tríplice Fronteira(Argentina, Brasil e Paraguai).Deste modo, para ordenar as diversidades e imergir em umuniverso de pequenos mundos, usamos o formato de ?guia?. Umguia de identificação, ou guia de campo, é uma ferramenta muitoútil para identificar recursos (vivos e não vivos), como animais,plantas, rochas ou minerais, nos ambientes em que são encontrados.Em geral, esses guias são preparados por especialistasque estudam um determinado grupo há muito tempo e têm comoobjetivo permitir que outras pessoas reconheçam, com facilidade a diversidade presente em uma região, sem nenhuma outranecessidade além do uso dos sentidos. Uma espécie de atalho que,ao facilitar um conhecimento, permite a geração de novos aprendizados.Um guia de campo etnotaxonômico supõe algumas diferençascom os guias clássicos de identificação. O principal deles, emais importante, é denotado pelo uso do prefixo etno, que significa?povos?. Isto mostra que o guia foi preparado com base noconhecimento empírico de ?outros especialistas?; no nosso caso,os moradores das zonas rurais da Tríplice Fronteira, pessoas queconvivem diariamente com as abelhas sem ferrão e que as conhecem,nomeiam e classificam.Esses habitantes das áreas rurais não falam apenas de abelhasquando falam de abelhas; falam também de modos de vida, históriase costumes com os quais a teia frondosa das relações entrenatureza e sociedade é construída diariamente. Por trás dessaafirmação, há uma ideia latente de que as abelhas sem ferrãonão vivem isoladas de lugares e pessoas e que seu desaparecimentoe sua conservação dependem das decisões que tomamosem relação ao uso do território e à maneira como nos ligamos ànatureza, isto é, uma decisão da sociedade como um todo.