INVESTIGADORES
CARENZO Sebastian
capítulos de libros
Título:
Entre o esquecimento e o resgate: aportes para areconstrução das trajetórias sociais da alfarroba nas províncias do Chaco e Formosa
Autor/es:
CARENZO, SEBASTIÁN
Libro:
Dimensões sócio-culturais da alimentação. Diálogos latinoamericanos.
Editorial:
Editora da UFRGS
Referencias:
Lugar: Porto Alegre; Año: 2012; p. 103 - 118
Resumen:
A alfarrobeira branca (Prosopis alba) é uma das espécies mais representativas das florestas nativas da denominada Região Chaqueña, especialmente reconhecida pela sua madeira escura e resistente. Esta leguminosa também é apreciada localmente por sua abundante frutificação, já que provê bainhas de cor marrão, conhecidas com o nome de alfarroba que contém alto poder nutritivo e um agradável sabor doce-achocolatado[1]. Para as comunidades de povos originários e de camponeses crioulos que moraram historicamente nestes ambientes de mato, as alfarrobeiras sempre foram uma verdadeira reserva energética (alimentos e biomassa combustível) que lhes permitia afrontar o longo e seco inverno. Além de estarem simbolicamente carregados de significados com raízes nas culturas locais destes grupos e, que em conseqüência fazem referência à importância que tiveram estas árvores para garantir a continuidade e seus sistemas de vida. No entanto, na atualidade, estas populações passam por um período de fortes transformações, vinculadas à incidência do processo de transformação estrutural da agropecuária chaqueña expressado no avanço da fronteira agropecuária, a concentração da propriedade rural, o massivo desmatamento e o empobrecimento das condições de vida destes povos à medida que se transformam de produtores primários em precários assalariados rurais (Pengue, 2004; Carenzo, 2004). Um dos fenômenos que evidencia em forma mais significativa esta transformação está relacionado com a crescente homogeneização e empobrecimento que ganha evidência no modelo alimentício destes grupos indígenas e camponeses do Grande Chaco. Esta problemática é advertida pela literatura especializada assinalando também que entre os processos relacionados mais freqüentes se mencionam: perda progressiva de saberes e práticas vinculadas ao patrimônio alimentício local e regional; a substituição de alimentos procedentes da caça-colheita ou da autoprodução por bens industrializados de consumo massivo; desequilíbrios na relação com a ingestão de proteínas/carboidratos a favor destes últimos; maior incidência da desnutrição e outros desequilíbrios nutricionais, entre outras (Arenas, 2003; Torres, 1999; Charpentier, 1998; Garufi, 1997). A pesar de estes trabalhos documentarem este fenômeno, não examinam a fundo os processos materiais e simbólicos que favorecem e estimulam seu desenvolvimento. Esta comunicação pretende aportar elementos de reflexão sobre estes processos, a partir dos resultados parciais de uma pesquisa multidisciplinar em curso que busca indagar sobre as práticas e representações sobre o aproveitamento dos recursos de floresta nativa no marco das economias domésticas de um grupo de 50 famílias de camponeses crioulos do Chaco Semi-árido. [1] Estas bainhas contêm importantes valores de: carboidratos (glicose, frutose e sacarose), minerais (cálcio, ferro, potássio, sódio e zinco), vitaminas (A, B1,B2 Y D), fibras e proteínas (FAUBA, Informe Técnico 2005)