Modos de ver-ler-escutar a literatura (a cultura) argentina. Apontamentos a partir de un debate

ANALÍA GERBAUDO

Florianópolis

Conferencia; Programa de Posgraduaçao em Literatura; 2011

Programa de Posgraduaçao em Literatura-Universidade Federal de Santa Catarina

Entre os anos 2001 e 2003 Jorge Panesi escreve dois artigos a respeito de um mesmo problema: a falta de discussões que perpassem e traspassem o espaço universitário argentino, em particular, no âmbito da crítica dita literária. Eram aqueles tempos do “que se vayan todos”, do reinado da economia por sobre a política, do esvaziamento do Estado, da corrupção estendida por toda parte, do fim da memória com as leis de Obediência Devida e de Ponto Final, do fracasso das reformas educacionais que transplantaram o modelo que a própria Espanha tinha desestimado, fazendo de nós uma colônia que comprou o lixo da metrópole. Ninguén podia prever, então, os acontecimentos que começariam a se desenvolver no país e posteriormente na América Latina, nesse mesmo ano em que Panesi escreve sua leitura daquele recorte do presente. Se os primeiros anos após a ditadura estiveram caraterizados pela febre pelo debate (De Diego, 2007; Novaro, 2009, 2010), estes últimos foram marcados pela volta dos debates. Neste palco sai a venda o esperado livro de Josefina Ludmer "Aquí América Latina. Una especulación", antecipado nas diversas entrevistas. Flora Sussekind (2004), Alberto Giordano (2010), Jorge Panesi (2010) e Miguel Dalmaroni (2010) são as vozes mais ressoantes do debate que coloque o problema sobre as maneiras de ler a literatura ultrapasando o prédio da instituição universitária. Para descrever a discussão (seus pontos chaves) e explicar por quê resulta relevante para rever o como pensar a leitura da literatura, em primeiro lugar faço uma retomada das teses centrais do texto e posteriormente introduzo as observações críticas mais aguçadas para encerrar algumas perguntas que pretendem continuar a linha da interlocução aberta.