Aspectos paleoecológicos do Sítio Paleontológico de Peirópolis (Maastrichtiano), Uberaba (MG)

LAÍS DE SOUZA REDUA; MARINHO, THIAGO S.; AGUSTIN MARTINELLI; LUIZ CARLOS RIBEIRO

Simposio; X Simpósio Brasileiro de Paleontologia de Vertebrados; 2016

O Sítio Paleontológico de Peirópolis em Uberaba, Minas Gerais, é mundialmente reconhecido por abranger um rico depósito fossilífero do Cretáceo Tardio em rochas da Formação Marília (Masstrichtiano) do Grupo Bauru. Geologicamente esta formação é composta por sequências de arenitos intercalados com conglomerados e carbonato de cálcio, depositadas em ambientes fluviais com contribuição aluvial e, que se divide nos membros Echaporã, Ponte Alta e Serra da Galga, sendo que os dois últimos afloram em Uberaba. A maior parte dos fósseis coletados na região é proveniente do Membro Serra da Galga e, são representados atualmente por 24 táxons de algas carófitas, pteridófitas, ostrácodes, moluscos biválvios e gastrópodes, osteíctes, anuros, testudines, lagartos, crocodiliformes, e dinossauros titanossauros e terópodes (incluindo Aves). O presente trabalho objetiva o estabelecimento das interrelações dos organismos fósseis provenientes do Membro Serra da Galga de Peirópolis, visando a determinação da provável paleoecologia deste paleoecossistema. Os fósseis de plantas são raros e restritos a presença de esporocarpos de pteridófitas, porém, a dieta herbívora dos titanossauros, é um indicativo da presença de uma flora abundante e mais rica do que o registro atual demonstra. Os dinossauros abelissauróides deveriam ser alguns dos principais predadores de grande porte, conforme são representados por ossos pós-cranianos e centenas de dentes. Dinossauros maniraptores e crocodiliformes peirossaurídeos eram predadores terrestres de médio porte e possivelmente oportunistas, alimentando-se de pequenas presas, como lagartos, pequenos crocodiliformes notossúquios e carcaças de animais maiores. Algas carófitas podem ser consideradas alguns dos produtores primários, que poderiam sustentar a fauna de invertebrados, atualmente representados apenas por moluscos biválvios e gastrópodes. Diversos peixes osteíctes seriam predadores de invertebrados e outros peixes e, presas para tartarugas, crocodiliformes e, possivelmente, de dinossauros terópodes. Apesar do material de aves ser escasso, é possível que esses animais alimentavam-se de pequenos invertebrados dulceacuicolas o terrestres, mesmo estes últimos não sendo presentes como fósseis. Outro importante aspecto do Sítio Paleontológico de Peirópolis é a presença de um ovo completo e abundantes fragmentos de casca de ovos de titanossauros, indicando um provável sítio de nidificação. Através do Princípio do Uniformitarismo, e utilizando como base o rico registro fossilífero e aspectos geológicos do local, é possível, mesmo que tentativamente, inferir a possível estrutura do ecossistema do Cretáceo que compunham os afloramentos de Peirópolis. A partir do presente estudo, serão realizadas mais análises, visando a reconstrução paleoambiental deste importante sítio paleontológico.