Composição faunística da Zona de Assembleia de Riograndia (Triássico Superior) dos sitios Sesmaria do Pinhal 1 (Candelária) e Linha São Luiz (Faxinal do Soturno): análise preliminar

GISELA BOLZE; AGUSTIN MARTINELLI; VOLTAIRE PAES NETO; MARINA BENTO SOARES

Sao Gabriel

Jornada; PaleoRS 2015; 2015

Os sítios fossilíferos Sesmaria do Pinhal 1 e Linha São Luiz, localizados nos distritos de Candelária e Faxinal do Soturno (RS), respectivamente, possuem uma variada associação de tetrápodes do Triássico Superior que pertecem à Zona de Assembleia de Riograndia (Sequência Candelária; Supersequência Santa Maria). Ambas as localidades encontram-se distanciadas 85 km, mas podem ser correlacionadas tanto com base na sua a litologia quanto no seu conteúdo taxonômico. A principal coleção de fósseis provenientes destes sítios encontra-se depositada no Laboratório de Paleontologia de Vertebrados da UFRGS. Nesta contribuição apresenta-se a contabilização de todos os espécimes tombados na UFRGS, coletados sistematicamente de 2000 até 2010, os quais representam uma amostra significativa da composição faunística de ambas as localidades. De um total de 163 espécimes tombados (não incluindo aqueles indeterminados) a porcentagem de espécimes de cada táxon é a seguinte: 52,00% de esfenodontes Clevosaurus; 39,70% de cinodontes (17,30% de Riograndia, 16,80% de Brasilodontidae, 5,60% de Irajatherium); 3,35% de arcossauros (Faxinalipteus, Guaibasaurus e Archosauria); 2,80% de lepidossauromorfos (Cargninia e Lepidosauromorpha); e 2,15% de procolofonídeos (Soturnia). Recentemente, em um trabalho publicado em 2015 sobre a associação faunística do Triássico Superior da Formação Quebrada do Barro na província La Rioja (Argentina), Martínez e colaboradores ressaltaram que a associação faunística Linha São Luiz possuia um predomínio de espécimes de cinodontes (aprox. 70%) sobre os demais grupos. A presente análise (embora muito dos materiais ainda não estejam publicados) mostra, contrariamente, um predomínio de esfenodontes ao invés de cinodontes. Com estes resultados, a ZA de Riograndia do sul do Brasil se assemelha à Formação Quebrada do Barro, onde também predominam os esfenodontes, seguidos pelos cinodontes e sauropodomorfos. Este último grupo não se encontra registrado nas localidades de Sesmaria do Pinhal e Linha São Luiz (foco do presente estudo) mas é registrado em outras localidades em Agudo, São Martinho da Serra e Candelária referentes à ZA de Riograndia. A similaridade entre as associações de fósseis de microvertebrados do Brasil e Argentina mostrou-se maior do que a proposta pelos autores argentinos. Ainda pouco explorada, essa afinidade faunística pode estar relacionada a vieses tafonômicos, incluindo semelhantes agentes de bio-acumulação. O refinamento desta análise, incluindo levantamento junto a coleções de outras instituições do RS, permitirá a obtenção de informações mais completas e uma melhor elucidação sobre as diferenças taxonômicas e os processos tafonômicos envolvidos na gênese da associação faunística da Zona de assembleia de Riograndia, bem como fornecerá dados mais consistentes para comparações desta com a fauna argentina da Formação Quebrada do Barro. [NGS, FAPESP, CNPq, CAPES]