Riqueza e abundância relativa de anfíbios de Juruti, Pará

PABLO SUÁREZ

Belém

Congreso; III Congresso Brasileiro de Herpetologia; 2007

Sociedade Brasileira de Herpetologia / Museu Paraense Emílio Goeldi / Universidade Federal do Pará

O conhecimento sobre a diversidade de anfíbios da Amazônia brasileira ainda é insuficiente e restrito a algumas áreas. Na Amazônia Central, muitas áreas continuam desconhecidas ou mal amostradas, sendo as regiões ocidental e oriental onde se concentra um número maior de estudos da fauna de anfíbios. O Município de Juruti, situado no oeste do Estado do Pará, na margem sul do Rio Amazonas, é parte de uma região considerada de extrema importância para a conservação por estar localizada no interflúvio dos rios Tapajós e Madeira. No presente trabalho são apresentados os dados obtidos em cinco expedições realizadas nas áreas de influência do projeto de mineração da ALCOA na região de Juruti, ocorridas entre os anos de 2002 e 2007, para a avaliação da diversidade e distribuição da fauna terrestre, conforme solicitação da Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado do Pará. A metodologia compreendeu três metodologias principais de coleta de dados: capturas com 9 estações de armadilhas de interceptação e queda pitfalls (compostas por 10 recipientes de 60 litros e cercas guia de 50cm de altura); Procura ativa limitada por tempo; e, registro de vocalizações. Adicionalmente, dados de observação oportunista e colaboração de terceiros também foram registrados. Tanto as armadilhas quanto os locais visitados na coleta ativa procuraram amostrar os diferentes microhábitats das áreas amostradas. Além disso, foram acrescentados dados provenientes do programa de resgate da fauna durante as atividades de desmatamento ao longo da área da planta industrial do empreendimento. Os exemplares-testemunhos coletados durante as expedições encontram-se depositados na coleção herpetológica do Museu Paraense Emílio Goeli. Até o momento, 52 espécies de anfíbios foram registradas nas áreas prospectadas. Observou-se um predomínio das espécies da família Hylidae (26 sp), seguida pelas famílias Leptodactylidae (14 sp), Bufonidae (6 sp), Dendrobatidae (3 sp), e as famílias Microhylidae, Pipidae e Plethodontidae representadas apenas por uma espécie. Este predomínio de espécies da família Hylidae nas áreas prospectadas constitui o padrão mais comumente observado em outras áreas amostradas da região Amazônica. Das espécies identificadas, apenas H. leucocheilus constitui um registro não esperado para a área, já que esta espécie é conhecida apenas para três localidades (duas no estado do Mato Grosso e uma em Rondônia). Embora, Bolitoglossa paraensis seja uma espécie esperada, recentes estudos tem sugerido que esta espécie provavelmente constitui realmente um complexo de espécies. Com base nos dados provenientes de buscas ativas durante o resgate de fauna elaborou-se uma base de dados que descreve a abundância relativa das espécies registradas a traves desta metodologia. Dos espécimes identificados a nível especifico, a espécie Epipedobates trivittatus represento quase a metade do total de capturas realizadas (49,6%). As outras espécies também registradas são: Rhinella margaritifer (15,8%), Dendropsophus marmoratus (12,5%), Eleutherodactylus fenestratus (9,5%), Osteocephalus oophagus (5%), Chaunus marinus (4,5%), H. boans (1,8%), Leptodactylus lineatus (0,8%), e finalmente, as espécies O. taurinus e L. pentadactylus com apenas uma captura (0,3%). Observações de campo durante as expedições de inventariado sugerem que o padrão de abundância observado por este método se aproxime ao padrão de abundância real destas espécies.