BECAS
BERALDO DE CARVALHO Ana
congresos y reuniones científicas
Título:
Reflexões sobre as possíveis contribuições da Psicologia na Saúde Coletiva brasileira a partir de uma experiência em Internato Rural
Autor/es:
ANA BERALDO; GREGÓRIO MIRANDA
Lugar:
Recife
Reunión:
Congreso; XVI Encontro Nacional da Associação Brasileira de Psicologia Social; 2011
Institución organizadora:
Associação Brasileira de Psicologia Social
Resumen:
O presente trabalho consiste em um relato de experiência de Internato Rural em Saúde Coletiva e pretende discutir as possibilidades de atuação da Psicologia no Sistema Único de Saúde (SUS). O estágio aconteceu entre Novembro de 2010 e Janeiro de 2011 em Pompéu (MG), município com cerca de trinta mil habitantes. Tradicionalmente, a atuação de psicólogos no SUS tem sido centrada em atendimentos individuais aos usuários. No entanto, nós privilegiamos a intervenção com a própria equipe, principalmente junto às Agentes Comunitárias de Saúde (ACS). Os ACS são uma categoria de trabalhadores relativamente recente (criada em 2002) e atuam na prevenção de doenças e promoção de saúde, realizando uma interlocução entre os saberes médico-científicos e populares. Sua função é essencial para o funcionamento do Programa de Saúde da Família (PSF), pois está fundamentada no conceito ampliado de Saúde, entendida como histórica e socialmente determinada. Nosso trabalho foi de cunho psicossocial e nos permitiu explorar as potencialidades do aparato teórico-metodológico da Psicologia Social na leitura e intervenção das relações de trabalho na Atenção Básica à Saúde (ABS). Partimos da demanda da Secretaria de Saúde, que descreveu as ACS como categoria-problema por estarem "desmotivadas", "carentes de autonomia", e com "baixa auto-estima". Diante disso, buscamos compreender como se davam as relações deste grupo com os demais atores envolvidos em seu trabalho (profissionais do PSF, Secretaria de Saúde e população), atentando para a imagem que supunham ter perante eles. Restringiremos este relato à intervenção através de oficinas semanais, que tiveram duração aproximada de duas horas e foram realizadas em todos os oito centros de saúde. É importante frisar que as temáticas exploradas emergiram das próprias Agentes e foi só a partir de uma aproximação inicial com estes grupos que traçamos nosso plano de ação. Os encontros assumiram a forma de rodas de conversa, constituindo espaços de reflexão acerca do trabalho e autorização do discurso das participantes. Podemos citar dois aspectos centrais que surgiram nas oficinas: 1) há uma relação de antagonismo entre as ACS e a Secretaria; e 2) há uma parcela significativa de usuários que as recebe mal. Percebemos que ambos os aspectos nos conduziram para uma questão fundamental: o não-reconhecimento da categoria ACS, ou seja, uma desvalorização do trabalho por elas exercido. O primeiro aspecto está relacionado com uma culpabilização que recai sobre a categoria e o segundo foi atribuído por elas a um desconhecimento da população acerca de sua função. Percebemos, assim, que as Agentes também tem uma explicação para dar acerca das deficiências encontradas na ABS, que, inclusive, elucida os fatores que estariam na base dos problemas identificados pela Secretaria. A desvalorização sistemática de seu saber acarreta prejuízos para o próprio funcionamento da ABS do município, além de ser a própria negação de sua função.