APRESENTAÇÃO

SZULC, ANDREA PAOLA; CONCEIÇÃO S. SILVA; EUGENIA RAUSKY; FLAVIA PIRES; FLORENCIA PAZ; JULIANA SIQUEIRA DE LARA; LUCIA RABELLO DE CASTRO; VALERIA LLOBET

Infâncias do Sul Global: experiências, teoria e pesquisa desde a Argentina e o Brasil.

EDUFBA

Lugar: Salvador de Bahía; Año: 2022; p. 21 - 37

O livro Infâncias do Sul Global: experiências, teoria e pesquisa desde a Argentina e o Brasil. reúne contribuições de pesquisadoras/es argentinase brasileiras/os sobre a experiência de ser criança nestes dois países.  O conjunto destas contribuições visa instigaruma discussão sobre a singularidade da posição da criança nestas localidades daAmérica Latina tendo em vista a seguinte questão: como a condição de sercriança aí pode desafiar a teoria e fazer emergir questões de pesquisa nãopautadas na agenda internacional de investigação sobre a infância. Nos diversoscontextos, seja da Argentina ou do Brasil, retratados nesta obra, as criançaslatino-americanas apresentam-se, frequentemente, destoantes de um modo que sepretende como convencional de ser criança. Povoam a imaginação dos pesquisadores e pesquisadoras com aspectosexóticos que exorbitam os padrões normativos do que se pensa ser apropriadopara uma criança. Neste sentido, essa infância é facilmente capturada nodiscurso de negativiza-la o de que as crianças não tem infância, ou estão "fora da infância" (out of childhood), como diria Olga Nieuwenhuys (1998).  No entanto, o que parece mais grave é a constatação de que não parece haver alternativas teóricas que justifiquem sua condição de ser criança, de outra maneira.  As teorias correntes e a agenda internacional de pesquisas sobre a infância seguem um itinerário que nem sempre contempla devidamente as questões e os problemas específicos da infância nas localidades dos países periféricos. É um cenário que desfavorece a construção de demandas de pesquisaa partir de interesses e problemáticas regionais que necessitariam ser engrossadas com esforços de investigação e intercâmbios científicos ao longo deum certo tempo.  Pesquisar a infância na América Latina tem significado, por tanto, adequar a agenda nacional de pesquisaao que é corrente e legitimado do ponto de vista da agenda internacional.