INVESTIGADORES
DELEVATI COLPO Karine
congresos y reuniones científicas
Título:
Macrofauna bentônica associda a morfologia de algas
Autor/es:
MARIANA MADALENA DE SOUSA; DE GRANDE FERNANDO; PEDRO VITOR RIBEIRO; COLPO KARINE D.
Lugar:
Porto de Galinha
Reunión:
Congreso; 5° Congresso Brasileiro de Biologia Marinha; 2015
Institución organizadora:
Associação Brasileira de Biologia Marinha
Resumen:
Macrofauna bentônica associada à morfologia de algasMariana M. de Sousa1*; Fernando R. De Grande.1; Pedro V. R. Martins.2 & Karine D. Colpo31 - Universidade Estadual Paulista ?Júlio de Mesquita Filho?, Campus do Litoral Paulista, Praça Infante Dom Henrique, s/nº, Parque Bitarú, CEP: 11330-900, São Vicente - SP, Brasil. 2 - INPA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo, 2936, Petrópolis, CEP: 69067-375, Manaus - AM, Brasil. 3 - Instituto de Limnologia ?Dr. Raúl A. Ringuelet?, UNLP-CONICET, 1900, La Plata, Argentina. *Autor para contato: neri.m@hotmail.comIntrodução. Costões rochosos são ambientes costeiros intermareais, portanto. Os organismos que vivem neste ambiente sofrem com a periódica exposição ao ar e consequente dessecação, decorrente dos ciclos de maré; com a ação de ondas, capazes de remover indivíduos que não estão fortemente fixados no substrato, além do constante risco de predação. Para minimizar estas adversidades, muitas espécies procuram locais para abrigar-se, e alguns organismos vivos podem ser utilizados como abrigo por outros menores. Algas são exemplos de organismos que aumentam a complexidade do ambiente, e promovem proteção a pequenos invertebrados. O dossel das algas é capaz de reduzir os efeitos do calor e da dessecação sobre os indivíduos durante os períodos de maré baixa. Além disso, algumas algas são capazes de reter sedimento e matéria orgânica, possibilitando o assentamento de muitas espécies. Os ambientes fitais também fornecem proteção contra predação, em uma relação inversamente proporcional com a palatabilidade das algas para os herbívoros. A estrutura do ambiente fital está intimamente ligada à complexidade morfológica da alga. Algas com talos simples, foliáceos, achatados ou carnosos oferecem superfícies pouco protegidas contra turbulência e predação, enquanto que algas finamente ramificadas, em forma de tufo, arbustivas ou com pelos na superfície do talo são capazes de amenizar os estresses físicos e biológicos. O presente estudo tem por objetivo caracterizar e comparar a fauna que vive associada a macroalgas com diferentes características estruturais e morfológicas.Materiais e métodos. As coletas foram realizadas no costão rochoso da Praia Branca no município de Guarujá, estado de São Paulo. Três morfologias fitais foram avaliadas: filamentosa, laminada e ramificada. Foram coletadas 36 amostras de seis gêneros de algas, sendo seis réplicas para cada gênero. As algas objeto de estudo foram: Padina sp. (morfologia laminada), Ulva sp. (filamentosa), Enteromorpha sp. (filamentosa), Chondria sp. (ramificada), Caulerpa sp. (ramificada) e Jania sp. (ramificada). Porções similares de cada alga foram retiradas do substrato. As frondes foram acondicionadas adequadamente, visando a manutenção dos invertebrados durante o transporte. Em laboratório cada amostra foi lavada três vezes em uma peneira 0,5mm. Os macroinvertebrados de cada amostra retidos na peneira foram armazenados em uma solução de água e formol 5% e posteriormente os animais foram identificados, até o menor nível taxonômico possível. A biomassa de cada amostra de alga foi estimada pelo peso seco, o qual foi correlacionado (Correlação Linear de Pearson) com a riqueza de espécies de invertebrados. A fim de avaliar qual gênero de algas apresenta a maior riqueza foi realizada uma análise da variância (ANOVA). Adicionalmente, a estrutura das comunidades de invertebrados presentes em cada tipo de alga foi analisada por meio do índice de Similaridade Bray-Curtis.Resultados. Foram encontrados 19 taxa associados às algas. Os gamarídeos foram dominantes nas algas filamentosas Ulva (87,5%) e Enteromorpha (50%), na alga laminada Padina (54,2%) e na alga ramificada Jania (55%). Em Chondria (alga ramificada) predominaram os hidrozoários (71,1%), já na alga ramificada Caulerpa nenhuma grupo de invertebrado foi dominante. Não foi observada correlação entre a biomassa das algas e a riqueza de espécies associadas às mesmas (Pearson: r²=0,0067; p=0,0798). Nas algas filamentosas Ulva e Enteromorpha a riqueza de invertebrados foi menor que nas outras algas (ANOVA, p=0,022). O Índice de similaridade de Bray-Curtis também considerou que a composição da comunidade de invertebrados associada a tais algas filamentosas (Ulva e Enteromorpha) foram mais similares entre si (65%) que com as comunidades das outras algas. Este índice também agrupou, com cerca de 65% de similaridade, as comunidades de invertebrados associados a Padina (laminada) e a Jania (ramificada). Enquanto que o conjunto de invertebrados de Caulerpa e Chondria (ambas ramificadas) foi distinto dos demais.Discussão. Os resultados demonstraram que as algas filamentosas apresentam menor riqueza de espécies e uma comunidade mais simples de invertebrados que as outras morfologias fitais estudadas. Provavelmente, a morfologia filamentosa de Ulva e Enteromorpha, somada a sua composição química as tornam mais palatáveis aos pastadores, e consequentemente menos atrativa como abrigo a pequenos invertebrados. Contrariamente algas com frondes ramificadas apresentam uma maior superfície de contato aumentando disponibilidade de abrigo entre os espaços intersticiais, favorecendo o assentamento e o forrageamento. Além disso, o aumento da complexidade estrutural diminui as taxas de predação por dificultar a localização da presa. Outro fator atrelado ao aumento da complexidade das macroalgas é a capacidade de retenção de sedimento, que permite o estabelecimento de diversas espécies e promovem proteção contra o dessecamento decorrente dos ciclos de maré. Sendo assim, esses fatores podem estar ligados à maior riqueza encontrada nas amostras de Padina, Caulerpa, Jania e Chondria. Porém, não podemos dizer que a morfologia das algas é determinante na estrutura e riqueza da comunidade de macroinvertebrados que a elas se associam, já que não detectamos um padrão na composição de espécies para as algas que apresentam a mesma morfologia. Cada gênero de alga apresentou uma comunidade de macroinvertebrados característica. Para a alga Padina, a elevada riqueza de espécies contrasta com sua morfologia relativamente simples, no entanto a literatura aponta sua baixa palatabilidade para grandes pastadores, como peixes e ouriços, no entanto é altamente consumida por Amphypoda. Algas de estrutura complexa, como no caso da Caulerpa, também apresentam toxinas (caulerpina) que diminuem a taxa de herbivoria por grandes pastadores, contribuindo para o aumento da riqueza da comunidade nela estabelecida, corroborando os dados obtidos nesse trabalho (12 taxa ao total em Caulerpa). Apesar de a literatura sugerir alta palatabilidade de Chondria para peixes encontramos uma rica comunidade associada a este gênero de alga, com dominância de hidrozoários epífitos, já que Chondria é pouco consumida por Amphypoda. Conclusão. Inferimos que a morfologia das algas desempenha um importante papel na regulação da estrutura da comunidade, porém esse fator não é determinante, já que foi observada diferença na composição das comunidades de invertebrados associados a algas que apresentam a mesma morfologia. Provavelmente a cada gênero de alga se associa uma determinada comunidade de invertebrados, que varia de acordo com seus requerimentos e com as diferentes condições oferecidas pelas algas, tais como, sua palatabilidade e respostas defensivas a seus predadores. Palavras-chave: Complexidade estrutural, costão rochoso, macroalgas, macroinvertebrados.