BECAS
MELENDI Lucila Paula
artículos
Título:
A Fundação Renova como forma corporativa: Estratégias empresariais e arranjos institucionais no desastre da Samarco/Vale/BHP Billiton no rio Doce, Mariana (MG)
Autor/es:
MELENDI, LUCILA PAULA; MARTINS LOPO, RAFAEL
Revista:
AMBIENTES: Revista de Geografia e Ecologia Política
Editorial:
Rede de Pesquisadores em Geografia (Socio)Ambiental ? RP-G(S)A ?
Referencias:
Año: 2021 vol. 3 p. 206 - 250
Resumen:
O dia 5 de novembro marcou a vida de comunidades inteiras. O rompimento da barragem de Fundão, operada pela Samarco, uma joint-ventureentre Vale e BHP Billiton, causou mortes e danos ao longo dos mais de 600 km percorridos pelo mar de lama no curso do leito do rio Doce, de Mariana ao litoral do Espírito Santo. Para gerenciar a crise e lidar com o processo de reparação as empresas responsáveis pelo desastre, em parceria com alguns órgãos do Estado brasileiro, criaram uma figura aparentemente inédita sob a lógica de uma fundação corporativa, chamada de Fundação Renova. O tratamento institucional dado ao desastre reestruturou relações de poder entre órgãos públicos, judiciário, e entidades da socie-dade civil e movimentos sociais. A partir de observações etnográficas e análise de documentos que ver-sam sobre os acordos e arranjos institucionais vinculados à fundação, neste artigo nos perguntamos so-bre a dita autonomia desta, analisando sua posição no sistema de governança do desastre, assim como elementos de sua criação, estrutura interna e trajetória de alguns de seus conselheiros e diretores. Qual o nível de envolvimento da Renova com as empresas? Como ela se apresenta diante do debate acerca dos processos reparatórios? O que ela pode nos dizer sobre as estratégias corporativas envolvendo con-flitos neoextrativistas? Como as populações atingidas lidam com a Fundação nas arenas de discussão? Através de algumas respostas a essas perguntas, sugerimos aqui que a Fundação Renova pode ser considerada como uma forma corporativa que oferece versatilidade às intervenções das mineradoras para gerenciar a crise.