INVESTIGADORES
VISACOVSKY Saba Nerina
artículos
Título:
A crise das shuln
Autor/es:
VISACOVSKY, NERINA
Revista:
ASA Judaísmo e progressismo
Editorial:
Associaçao Scholem Aleichem
Referencias:
Lugar: Río de Janeiro; Año: 2009 vol. XX p. 5 - 7
Resumen:
O Em minhas pesquisas acadêmicas, tenho priorizado as propostas educacionais das entidades vinculadas ao   ICUF. Na Argentina, no Brasil e no Uruguai,  foram criadas escolas idishistas que floresceram nos anos 50. E depois, aconteceu o quê? Por que desapareceram? Na Argentina, a história das shuln progressistas começou na década de 1920 com as escolas operárias, as árbeter shuln. Em 1929, existiam oito árbeter shuln em Buenos Aires e arredores, associadas ao Arbshulorg (Árbeter Shuln Organizátsie). Essa Federação publicava a revista Undzer Shuln (Nossas Escolas) para pais e professores, e cedia um local para se debaterem os problemas das escolas. Em ídish, um professor ensinava a crianças de diferentes idades História e Política segundo o ideário marxista-leninista,  que entusiasmava boa parte do operariado idishista. As árbeter shuln, para crianças, e a Pionner Organizátsie, para os pré-adolescentes, constituíram os primeiros passos organizados rumo à socialização política das novas gerações. Não eram experiências sistemáticas ou com um programa de estudos,  nem seus professores tinham um preparo pedagógico; eram intelectuais com vasta formação, admiradores da Revolução Soviética cuja intuição e paixão criavam ambientes aconchegantes e atraentes, reconhecidos por seus alunos  como um “segundo lar”. Por trás de toda essa atividade trabalhava a Idséktsie (a seção ídish do Partido Comunista), mas o público era heterogêneo, frequentemente determinado pela proximidade do bairro. Lá pelo fim dos anos 20, o clima de instabilidade que gerou a “grande depressão” deu margem a que grupos de direita, desencantados com a prédica liberal, dessem um golpe de Estado em 1930. O governo militar de Uriburu iniciou uma intensa repressão contra os operários estrangeiros, proscreveu o PC argentino e organizou a “Seção Especial” de repressão ao comunismo, dependente da Polícia Federal. A “Seção Especial” se ocupava de perseguir tudo o que propagasse “ideologia dissoluta”. Assim, em 1932,  as escolas operárias foram revistadas e fechadas. A rápida recuperação econômica permitiu a redução da intranquilidade social e, no contexto de uma democracia fraudulenta, os ativistas/militantes reabriram as escolas. Nessa etapa, marcada pela política de frentes populares, procuraram conferir um marco de legalidade às folks shuln, que se agrupavam então no Farbandfun Ídishe Folks Shuln. Contudo, todas as tentativas fracassavam numa atmosfera que abria, cada vez mais, passagem para grupos católico-nacionalistas xenófobos. As folks shuln foram fechadas novamente pela “Seção Especial” da Polícia em 1937, e o uso do ídish, proibido em atos públicos. Os problemas de antissemitismo e  anticomunismo que, projetados nos acontecimentos europeus, tiveram lugar na Argentina foram especialmente significativos durante a ditadura de 1943. Porém, apesar da “onda reacionária”, a fortaleza dos progressistas na transmissão de sua herança foi mais poderosa.