INVESTIGADORES
SEGURA Ramiro
artículos
Título:
A cidade em metamorfose: imagem, direito à cidade e gentrificação — Apresentação
Autor/es:
RAMIRO SEGURA; JOSÉ LUIS ABALOS JÚNIOR; FELIPE DA SILVA RODRIGUES
Revista:
Fotocronogafías
Editorial:
Editora da Universidad Federal de Rio Grande do Sul
Referencias:
Lugar: Porto Alegre; Año: 2022 vol. 8 p. 6 - 9
Resumen:
Nas últimas décadas os estudos sobre paisagem, narrativa, imagem se conectaram de múltiplas formas às ideias de direito à cidade (Le Febvre, 1968) e gentrificação (Glass, 1964). Essa conexão de ideias históricas no pensamento urbanístico e antropológico se apresenta na cidade moderna através de manifestações materiais de desigualdade social e processos que envolvem deslocamento de populações pobres, mas também em dinâmicas de organização e resistências. Este dossiê da Revista Fotocronografias, que tem como inspiração a antropologia da e na cidade (Eckert&Rocha, 2019), conta com trabalhos centrados no uso de imagens no processo de pesquisa sobre Direito à Cidade e Gentrificação. O interesse se dá pelas expressões estéticas que caracterizam dois conceitos e a relação de ambos com os trabalhos etnográficos realizados com produção de imagens.Sem pretender esgotar a situacionalidade irredutível de cada ensaio ou a especificidade do olhar sobre o urbano que cada um deles exibe, talvez possamos dizer que as imagens nos mostram o outro lado da gentrificação: deterioração, abandono e ruína, mas também resistência e crítica, ex-periências sociais inovadoras, horizontes de emancipação coletiva.A gentrificação, então, como um espectro que assombra as cidades do mundo. Como uma ameaça real, potencial ou em processo (uma restauração, uma expulsão) — para espaços que, a partir da visão dominante da cidade, costumam ser pensados como “vazios”, “abandonados” ou “arruinados” e que, portanto, devem ser “recuperados”, “aumentados” ou “preservados”, a gentrificação opera como condição de possibilidade para a produção de “outros” pontos de vista sobre a dinâmica urbana nos ensaios visu-ais que compõem este dossiê.De diferentes maneiras, os ensaios visuais colocam em primeiro plano precisamente a multitemporalidade, as assincronias, as sedimentações e os palimpsestos que com-põem o espaço urbano. O foco colocado na multiplicidade de tempos e histórias (algumas delas soterradas, silenciadas) concorrentes e em disputa no espaço urbano, bem como a preocupação em registrar a profundidade e densidade do espaço material da cidade, produto de múltiplos agenciamentos, testemunhas das mais variadas inscri-ções, marcações e usos, mantêm-se a uma distância segura -se não, em franca oposi-ção- à “renderização” das representações da cidade.A acumulação de capital e o que faz “render” certos territórios é o “outro” implíci-to desses ensaios. Como linguagem visual dominante de desenvolvedores e projetos públicos de “recuperação urbana” articulam o utilitarismo financeiro para pensar a cidade. Projetam-se espaços criados ao mesmo tempo, homogêneos, contínuos, har-mônicos, límpidos. Os ensaios visuais deste dossiê se rebelam contra essa representação. Espaço texturizado e profundo, produto de histórias múltiplas materializadas em sobreposições, sobreposições e coexistência de elementos heterogêneos, marcas, ins-crições e vestígios de práticas diversas, palimpsestos (registrados ou produzidos por montagem) que dão conta da multiplicidade de histórias, da pluralidade de horizontes e o conflito (aberto ou oculto) dos espaços que habitamos.