INVESTIGADORES
KLEIDERMACHER Gisele Paola
libros
Título:
A imigração senegalesa no Brasil e na Argentina: múltiplos olhares
Autor/es:
TEDESCO, JOÃO CARLOS TEDESCO ; KLEIDERMACHER, GISELE
Editorial:
EST Edições
Referencias:
Lugar: Porto Alegre; Año: 2017 p. 368
ISSN:
978-85-68569-36-8
Resumen:
O fenômeno migratório revela-se como um fato social amplo, totalizante do mundo atual e de experiências humanas de mudanças sociais, as quais refletem múltiplas relações de ambas as sociedades envolvidas (Ambrosini, 2008). É uma dinâmica que não possui um só vetor e nem um só espaço e tempo, alimenta-se, sim, por múltiplos processos do mundo que as absorve e as constitui. As migrações internacionais, na história da humanidade, sempre assumiram graus de importância e complexidade. Não é marca da contemporaneidade. Suas características mais gerais se reproduzem no tempo, principalmente em torno da seleção dos destinos, identidades de grupos sociais, políticas públicas de controle e gerenciamento, causalidades, etc. Questões econômicas, culturais, políticas e religiosas sempre estiveram presentes (Bauman, 1997). As redes produzidas pelos sujeitos que se mobilizam no espaço marcam uma constituição de elasticidades amplas e variadas, ou seja, tecidas e vinculadas por territórios variados, sentidos e concepções de sujeitos com intencionalidades múltiplas. Nesse sentido, os fluxos de imigrantes sempre estiveram envolvidos a múltiplos processos que produzem fronteiras deslizantes, sujeitos seletivizados e grupos identitários (Paviani, 2000). Nesse horizonte das políticas públicas e seletivização está presente o estado-nação. Esse, em meio aos fenômenos da globalização, é que define quem é o imigrante desejado, quando, quanto tempo e como permanecer no país. No campo imigratório, essa esfera político-territorial possui uma grande força. Muros gigantes continuam sendo contruídos nas fronteiras nacionais, legislações variadas são definidas para normatizar os fluxos em razão dos interesses nacionais, horizontes de cidadania são concedidos a determinados grupos étnico-nacionais, enfim, aberturas e fechamentos de fronteiras obedecem a essa determinação da esfera pública e de seus grupos no poder. Por mais que existam inúmeras formas de bloqueios físicos (muros), normativos (legislações e regramentos) e humanos (religião e etnias) em determinados espaços, grupos sociais, em razão de suas premências e urgências de sobrevivência econômica, fugas de processos repressivos, tregédias naturais e ambientais, dentre outras, encontram meios e estratégias de transpor fronteiras nacionais. Essas ações revelam a porosidade dos confins nacionais e desnaturalizam as convenções dos estados nacionais. Porém, essa realidade nem sempre é constituída sem grandes empecílhos, enfrentamentos, muita repressão e morte. Essa globalização dos de baixo, como diz Ambrosini (2008), lança mão de um conjunto de relações em forma de rede, de constituição de grupos, de famílias e territórios que se deslocam. A intensa midiatização do fenômeno migratório contemporâneo se dá, em grande parte, em razão disso, ou seja, do fato de que grupos sociais organizados fazem frente à macro-política imigratória de algumas nações ou macrorregiões.