INVESTIGADORES
VILLAR Diego
capítulos de libros
Título:
As estruturas de nominação étnica na história dos panos meridionais
Autor/es:
LORENA CÓRDOBA; DIEGO VILLAR
Libro:
Os outros dos outros: relações da alteridade na etnologia sudamericana
Editorial:
Universidade Federale do Paraná
Referencias:
Lugar: Curitiba; Año: 2011; p. 109 - 118
Resumen:
Denominados panos sudorientais pela tradição etnológica, entre os grupos pano-falantes da alta Amazônia boliviana figuram tradicionalmente os chacobos, os pacaguaras e os caripunas. A tese canônica é que esses grupos são parcialidades, subtribos ou frações de uma antiga tribo ou nação muito mais extensa: os pacaguaras. Sem dúvida, devido à homonímia, supõe-se que os escassos pacaguaras contemporâneos são descendentes diretos dos numerosos pacaguaras coloniais, e que sua extraordinária diminuição demográfica se explica em função das epidemias e das matanças. Entretanto, esta teoria dificilmente permite entender como os pacuaguaras, que aparentemente eram um milhar em tempos das viagens de Alcide d?Orbigny , se viram reduzidos em pouco tempo a uma dúzia de indivíduos; nem como os chacobos, que na mesma época não existiam como tais, atualmente alcançam um milhar de pessoas. A verdade é que os nomes chacobo e caripuna aparecem a partir de 1845, com as explorações fluviais do prefeito Palacios. Antes dessa data, as fontes falam em sua grande maioria de pacaguaras e em menor medida de sinabos, de ísabos e de capuibos. Em meados do século XX, quase todos os gentílicos desaparecem, e aparentemente ficam só os chacobos e uma exígua dúzia de pacaguaras.De igual modo, a teoria tradicional sobre os panos meridionais também não explica consistentemente a vertiginosa desaparição dos caripunas. Desde 1850, numerosos viajantes falam em concentrações de centos e até milhares de caripunas nas margens de rios como o Beni, o Orthon, o Madeira e o Mamoré. No entanto, pouco tempo depois se informa sobre sua dramática desaparição; quando em 1953 a médica e etnóloga austríaca Wanda Hanke visita os chacobos, lhe dizem, por exemplo, que os caripunas já não existem mais. Sabemos, por último, que nomes como sinabos ou capuívos, tradicionalmente assumidos como etnias, designam na realidade antigas parcialidades que os atuais chacobos conhecem como maxobo (lit. gente da mesma cabeça): assim, os sinabos são os xënabo (gente verme); os capuibos, os capëbo (gente jacaré); os yssabos, os ísabo (gente porco-espinho). Nessas circunstâncias o mínimo que pode se dizer é que o jogo de relações entre denominações como chacobo, pacaguara, sinabo, capuibo ou caripuna está longe de ter sido resolvido, e que é necessário analisar, nem que seja brevemente, o ciclo de seu desenvolvimento histórico.