Apresentação: Culturas de fronteira: trânsitos, trocas e disputas históricas

GOMES, IVAN LIMA; BOHN MARTINS, MARÍA CRISTINA; GAGO, SEBASTIAN HORACIO

História Revista

Faculdade de História / PPGH - Universidade Federal de Goiás

Lugar: Goiânia; Año: 2023 vol. 28 p. 1 - 5

1984-4530

Termo polissêmico, "fronteira" se tornou uma categoria analítica fundamental para a reflexão crítica no campo das Humanidades e, mais especificamente, no interior dos estudos históricos. Para além do sentido estritamente espacial já bem estabelecido no dia a dia e que associa fronteira apenas à delimitação de uma área ou região, esta categoria pode igualmente ser compreendida enquanto um espaço de trânsitos e trocas que se dão tanto em níveis econômico-sociais como em níveis culturais e identitários. As fronteiras demandam um olhar atento às especificidades envolvendo sua construção histórica, levando a uma problematização mais ampla sobre as condições sociais que levaram à construção das relações entre espaços historicamente estabelecidos e as práticas que decorrem destes trânsitos. Enquanto eixo articulador, a categoria "fronteira" possibilita realizar uma historicização profunda de categorias sociais e, no limite, da própria ideia de espaço. Pensá-la no tempo, tal como sugere Alejandro Grimson a partir do conceito de "fronteirização" (2003, p. 15-34), torna-se, portanto, fundamental. Não por acaso, no interior da historiografia, a ela pode ser associada um conjunto mais específico de abordagens teórico-metodológicas -história comparada e história transnacional, apenas para citar dois exemplos- que articuladas, por exemplo, a uma noção como a sus "zonas de contato", de Mary Louise Pratt (1999), possibilitam refletir sobre a fronteira enquanto um espaço poroso, de trocas e de agenciamentos, mas também prenhe de tensões e conflitos.