Os executivos das transnacionais: de trabalhadores de alta renda a capitalistas em relação de dependência

LÓPEZ RUIZ, OSVALDO JAVIER

Marília, SP

Simposio; IV Simpósio em Filosofia e Ciência; 2001

UNESP, Marilia

A pesquisa propõe uma perspectiva alternativa em relação às formas tradicionais de entender o papel dos executivos das grandes empresas, a partir do interesse geral pelo novo ethos que nasce no mundo das corporações transnacionais configurando seus valores e estilos de vida. Da idéia ambígua de "homens de empresa" ?que não deixa claro, em última instancia, o tipo de relacionamento com a firma? à de "trabalhador" ?que em forma equívoca o coloca nas mesmas condições analíticas de qualquer outro empregado?, propõe-se passar para conceitos mais ajustados à realidade atual do capitalismo avançado. Assim, é analisada, a partir de Saskia Sassen, a categoria de "trabalhadores de alta renda". Com ela pode-se explicar, por exemplo, os novos padrões de consumo destes grupos sociais, que têm como conseqüência processos de gentrification urbana. Além disso, é proposto mais um avanço nesse exercício de análise. Por que continuar pensando esses executivos de empresas transnacionais como trabalhadores e não pensá-los como "capitalistas em relação de dependência"? Como explicar de outro modo a forte aliança deles com o sistema para o qual produzem imensos benefícios em troca de retornos relativamente baixos e pouca ou nenhuma reivindicação? Por que tantos workholics? Por que o frenético investimento pessoal de tempo e dinheiro em capacitação permanente? Que novas formas sociais e que novos valores acompanham a consolidação deste novo grupo social? Entrevistas com executivos de diversas corporações, principalmente vinculadas às tecnologias da informação na região de Campinas - São Paulo, visam a validação dessas categorias teóricas e responder essas questões. Subjacente à proposta de pensar os executivos das corporações transnacionais como "trabalhadores de alta renda" ou "capitalistas em relação de dependência", está a hipótese de que a cultura do mundo globalizado (suas principais crenças, valores e preferências estéticas) está-se construindo na corporação e são esses executivos os que difundem esse novo ethos pelo mundo. Trata-se, portanto, não simplesmente da difusão transnacional de objetos culturais feita pelas corporações, mas do estabelecimento de valores, crenças e regras de como o mundo "é" e "deve ser entendido" em tempos de globalização.