Abundância e ocupação espacial de pinípedes no Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos, Torres, sul do Brasil

GRANDI, M.F.; ZAGONEL, M.; OTT, P.; GROCH, K.; VERONEZ, M.; MACHADO, R.; PROCKSCH, N.; FLORES, P.A.; CRESPO, E.A.; OLIVEIRA, L.

Congreso; 18º Reunión de Trabajo de Especialistas en Mamíferos Acuáticos de América del Sur - XII Congreso SOLAMAC; 2018

O Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) da Ilha dos Lobos (29°20?S; 49°42?W), no sul do Brasil, é considerado o limite norte de concentração de lobos-marinhos-sul-americanos, Arctocephalus australis, e leões-marinhos-sul-americanos, Otaria flavescens, no Atlântico Sul Ocidental. Esta unidade de conservação marinha tem uma área total de 1,42km², sendo a sua porção emersa de 16.966m², utilizada como área de descanso pelos pinípedes. Apesar de sua importância, são escassas as informações sobre abundância, estrutura etária e ocupação espacial dos pinípedes que utilizam o local. Desta forma, compreender a ocupação sazonal e espacial, bem como oscilações na abundância das espécies, é fundamental para a gestão e o manejo de áreas protegidas. Neste contexto e a fim de atualizar estes dados, foram realizados 24 censos aéreos fotográficos entre os meses de outubro de 2005 e novembro de 2017. As imagens aéreas foram capturadas perpendicularmente ao REVIS com uma câmera digital de 5 a 10.2 megapixels e zoom de 100-400mm, em sobrevoos de 100 a 250m de altitude. Estas imagens foram tomadas durante expedições de fotoidentificação de espécimes de baleia-franca-austral, Eubalaena australis. A contagem dos pinípedes nasimagens foi realizada com o auxílio do programa Otariidae 1.0. A análise espacial da ilha foi realizada a partir do georreferenciamento de 17 imagens aéreas de 2010 a 2017, com o ArcGIS (versão 10.5), e aplicada a análise de densidade de Kernel. Como resultado observou-se um predomínio de machos adultos e subadultos de O. flavescens, principalmente nos meses de inverno e primavera. O número máximo de espécimes observados foi de 165 no mês de julho de 2012 (133 espécimes de O. flavescens, 31 de A. australis e um de Mirounga leonina). Quanto à ocupação espacial pelos pinípedes, detectou-se em todas as imagens um agrupamento preferencial na região norte da ilha, não havendo diferenças entre os meses de maior e menor abundância. Os resultados encontrados  confirmam a importância do REVIS da Ilha dos Lobos como local de descanso para  pinípedes e poderão auxiliar na definição de estratégias de conservação do futuro plano de manejo desta unidade marinha protegida, incluindo seu zoneamento e ordenamento das atividades vinculadas à região.