IDH   23901
INSTITUTO DE HUMANIDADES
Unidad Ejecutora - UE
congresos y reuniones científicas
Título:
Criação como contradomesticação? Contradomesticados por la Pacha? Algumas reflexões reversas a partir dos Andes
Autor/es:
LEMA VERONICA
Lugar:
Belem
Reunión:
Congreso; XVI Congresso da Sociedade Internacional de Etnobiologia y XII Simpósio brasileiro de etnobiologia e etnoecologia.; 2018
Resumen:
A lógica de uywaña ou criação mútua não reconhece a divisão cartesiana silvestre domesticado. Sabe-se bem que as ontologias ameríndias desconhecem esta bipartição, no caso particular da criação (crianza), populações que respondem a um ou outro domínio seriam modulações diferenciais das redes de relações mútuas, assimétricas e forçosas que sustentam a todo lugar e pessoa. Sallqa e Uywa não são silvestre e domesticado, mas criados por entidades poderosas ou mesmo por humanos; os ancestrais silvestres são alimento de chullpas ou antiguos e correspondem a Ñaupapacha, e a terra cultivada é Purumpacha e corresponde a uma idade pré-solar, antes de sucessivos Pachakuti. As manifestações são espaço-temporais, isto é, Pacha, a hipercriadora por excelência. Além disso, todo o ser criado tem um lado 'selvagem' como potencialidade interna, uma noção mais próxima da antissocialidade e da anomalia do que de um táxon.Pode-se traduzir / mapear o equívoco do criado como domesticado, buscar um movimento simétrico que não cancele as diferenças entre "o mundo deles" e "nosso mundo"; exercício ao qual os criadores estão acostumados em uma existência em que as negociações e os ?lados do mundo? estão cheios de equívocos. Poder-se-ia dizer que domesticado equivaleria a criado por humanos, mas as plantas também são criadoras de humanos e de seus filhos (todo criador é criado, todo criador/criado é devorado em um movimento produtivo e interfagocitário constante fluindo através de um espaço / tempo) e muitos deles não são inteiramente plantas, como as erakas, que são e não são batatas.O estudo de restos arqueológicos correspondentes aos processos posteriores à domesticação no NOA revelou a importância do cultivo, mais que a da domesticação, e o fluxo gênico acompanhado por episódios de seleção, em um mecanismo que se assemelha aos dois pulsos que permitem a produtividade sob a lógica da criação: fluxo e amarração.Estas tentativas de conexão entre o mundo da criação e o mundo da domesticação assim como a busca rizomática de conexões entre a criação e aproximações dialéticas não darwinianas da domesticação ainda são frágeis. Como fazer para conectar de maneira fértil o mundo da criação e o da domesticação? Talvez uma reflexividade reversa a partir dos Andes nos dê uma pista para a ação.