"História Universal, Civilização e Progresso: Duzentos Anos Depois"

MUDROVCIC, MARÍA INÉS

História e Civilização

EDUFBA (Editora da Universidade Federal da Bahia)

Lugar: San Salvador de Bahía; Año: 2011; p. 164 - 172

Neste trabalho, tento mostrar que as grandes catástrofes do Século XX (o Holocausto, os terrorismos de estado latino-americanos, o GULAG, etc.), apesar de terem contribuído de maneira contundente a desbancar com as idéias reitoras da modernidade de progresso e de civilização, no entanto, não estabeleceram uma brecha entre passado e presente, quer dizer, uma ruptura política. A novidade jurídica que instaurou os “crimes contra a humanidade” logra inverter a ordem temporal moderna, orientada ao futuro, do sujeito da História Universal: os sujeitos políticos contemporâneos se reconstroem, agora, retrospectivamente. É assim que nas atuais sociedades, ante a ausência de fundamentos absolutos e à carência de marcos de sentido que abram novos horizontes de expectativas, o auto-entendimento político do presente se efetua em termos de passado (memória) e não de futuro . Diferentemente da Revolução Francesa ou da queda da URSS, ditos acontecimentos não provocaram rupturas políticas. Este trabalho se concebe, então, como um exercício de filosofia da história, quer dizer, como uma reflexão crítica contemporânea sobre a história, porém de uma história que já não se pode pensar com maiúscula e no singular, senão no plural.